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A ditadura nas confederações

Banco do Brasil, Olympicus, e Penalty são os patrocinadores oficiais da CBV - Confederação Brasileira de Voleibol. As empresas estão, definitivamente, associadas ao esporte. Mas, nem sempre foi assim. Embora o Brasil já contabilizasse algumas conquistas, foi só nos anos 70 e começo dos 80, quando eu ainda era um praticante, que o volei ganhou força, sob a gestão de Carlos Arthur Nuzman. O volei se popularizou, e os resultados tornaram o esporte o segundo na preferência popular. Com Ary Graça no comando desde 97, deu-se continuidade ao que Nuzman começou, administrando, então, a CBV como uma empresa.

No novo modelo de gestão, o principal objetivo é manter o esporte no lugar mais alto do pódio e uma das principais iniciativas foi a criação do CDV - Centro de Desenvolvimento de Voleibol -, em Saquarema. O Centro tornou-se um outro marco na história da modalidade, e uma referência para outras entidades. Naquele local, estão disponíveis equipamentos e excelentes condições para a formação, aperfeiçoamento e reciclagem de atletas, treinadores, árbitros e profissionais do esporte. Os números impressionam: - são 108 mil metros quadrados de área, 4 quadras de vôlei de praia, 4 indoor, 1 piscina semi-olímpica, 800 m2 de sala de musculação e fisioterapia, sauna, auditório, salão de jogos, hidromassagem, restaurante e hotel, entre outras instalações. As categorias de base e os nossos excepcionais atletas e comissão técnica da seleção adulta, embora fiquem muito aqui pelo Rio, treinando na EEFEx, têm o que há de melhor para se prepararem para os grandes desafios de manter o volei no topo do mundo.

O pioneirismo do volei atraiu para o esporte brasileiro diversas empresas, públicas e privadas, como Caixa, Correios, Sadia, Golden Cross, Petrobras, e outras, que apoiam diferentes modalidades e o próprio COB - Comitê Olímpico Brasileiro. O voleibol, contudo, é hoje, o primo rico do esporte brasileiro. Tirando o futebol, que é um universo à parte, a maioria das demais confederações não dispõe de estrutura nem verbas suficientes para mudar o quadro atual. A ginástica artística, que busca copiar o modelo do volei, já faz algum tempo, vem colhendo resultados positivos, frutos da seleção permanente, da contratação de técnicos competentes e investimentos.

Apesar de insatisfatórias, as verbas, todavia, não são o principal problema. Algumas confederações padecem de um mal muito maior e, infelizmente, comum no esporte brasileiro: a falta de renovação principamente, no comando. Se no volei isso foi positivo - Nuzman permaneceu de 75 a 97 - para os demais esportes representou a criação de feudos, com a eternização de dirigentes, técnicos e até atletas. Existem verdadeiras "panelinhas" que vão do "dono" da confederação ao roupeiro, que invariavelmente, refletem-se nos resultados pífios obtidos ao longo desse tempo. A CBDA (esportes aquáticos), por exemplo, está sob a batuta de Coaracy Nunes Filho desde 88; o presidente da CBB (basquete), Gerasime Bozikis - o "grego" - está no cargo desde 97; o Judô passou 21 anos nas mãos da família Mamede, e Paulo Wanderley, que assumiu em 2001, já está no segundo mandato, que vai até 2009; na CBAt (atletismo), Roberto Gesta de Melo manda desde 87; e Vicélia Florenzano vem sendo eleita e reeleita na FBG (ginástica) desde 91. Há outros casos ainda, onde o esporte tem ficado em segundo plano, por causa dos desmandos e politicagem dos dirigentes, como a CBT (tênis), CBH (hipismo), CBC (ciclismo), e CBE (esgrima).

Ainda que deixemos de lado os escândalos das administrações, a maioria frustrantes e temerárias, não há dúvida que a recorrência e a concentração de poder nas mãos dos mesmos dirigentes, a manutenção de técnicos e auxiliares apaniguados de pessoas influentes, e a insistência com as mesmas formações desestimulam os neófitos e prejudicam o desenvolvimento do esporte brasileiro. Isso tudo associado à falta de planejamento, estruturação profissional e investimento tornam virtualmente impossível participação mais honrosa em competições internacionais, como as Olimpíadas. Vocações são afogadas, oportunidades são perdidas e precisamos eternamente contar com a exceção, com o fortuito e com o imprevisível.

O exemplo do polo aquático é emblemático. Movimentado, disputado, recheado de emoção - na minha opinião, maior ainda que a do futebol -, com um tempo de duração ideal para programas duplos, portanto capazes de atrair mais público, o esporte é o patinho feio da CBDA, a ponto de, recentemente, a Taça Brasil ter sido adiada, por falta de verba. Sem apoio e estrutura adequados, os atletas do polo aquático são obrigados a buscar em outros países a valorização que lhes falta aqui dentro. Este foi o caso dos irmãos Kiko e Filipe Perrone, que jogam na Espanha, e é o de muitos outros, que abandonam as piscinas brasileiras em busca de melhor treinamento, mais reconhecimento e melhores condições para se desenvolverem na categoria.

É lamentável que ninguém se importe que diversas modalidades esportivas estejam comprometidas pelos vícios e a megalomania de administrações falhas, que obstruem a evolução e procuram, a todo custo, perdurar, meramente por vaidade, pelas benesses obtidas e os bons negócios que fazem em paralelo. Perde o esporte, perde o país, perde a nação brasileira.

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