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Para sempre, Flamengo




Sou de uma família de botafoguenses. Aliás, de maioria botafoguense. A influência de meu avô materno era forte, e nos meus primeiros sete anos de vida fui, oficialmente, Botafogo. Havia, porém, dentro de mim, um coração rubro-negro. A paixão pelo vermelho e preto nasceu junto com o primeiro campeonato carioca de que tenho lembrança: - o de 63, quando sequer morava no Rio. Em 65, já senhor da minha vontade, sancionei a decisão e comuniquei-a ao meu querido avô. Não me lembro bem a reação que ele teve, mas, apesar de não ter gostado, com sua conhecida generosidade creio que entendeu. Os três anos seguintes foram de um certo sofrimento pra mim, sem nunca implicar em dúvida na minha opção - o Flamengo foi vice para o Bangu e o Botafogo duas vezes campeão. Mal sabiam eles que iniciavam um período de 21 anos sem ver a cor da cobiçada Taça do cariocão.

Depois disso, já na década de 70, o amor se consolidou, com o Flamengo enchendo os meus olhos e o coração de alegria. Foram 5 campeonatos na década, e a inauguração da era Zico, que inundou a alma da torcida durante um longo tempo. Nesse período, ocorreram mais duas defecções na família - um irmão e uma irmã - para as hostes flamenguistas, equilibrando as forças entre nós - o placar ficou 3 a 3 - irmãos.
Na década seguinte, melhorei meu desempenho e passei a gerar flamenguistas (graças a Deus) - hoje tenho 4, já que a menina é tricolor - todos orgulhosos por terem, alguns deles, em mais de um esporte, defendido as cores do clube. De lá pra cá, a história tem sido bondosa com o mengão e a felicidade de ser rubro-negro só aumentou.

Como dizia o grande Mário Filho, o criador da crônica esportiva brasileira e irmão do genial Nelson Rodrigues, "o Flamengo é o mais amado, porque se deixa amar à vontade". Eu completaria dizendo que "nesse amor genuíno e sincero, clube e torcedor se fundem em uma coisa só, com uma força avassaladora, que ninguém segura".

É por isso que nenhuma torcida proporciona espetáculo sequer parecido como os que a do Flamengo dá no Maracanã. Não existe nada mais belo e emocionante. Para Nelson Rodrigues, “O sujeito que nunca foi ao Maracanã ver o Flamengo jogar nem imagina o que seja o brasileiro”. E completa: “Para qualquer um, a camisa vale tanto quanto uma gravata. Não para o Flamengo. Para o Flamengo a camisa é tudo. Já tem acontecido várias vezes o seguinte:- quando o time não dá nada, a camisa é içada, desfraldada, por invisíveis mãos. Adversários, juízes, bandeirinhas, tremem, então, intimidados, acovardados, batidos. Há de chegar talvez o dia em que o Flamengo não precisará de jogadores, nem de técnicos, nem de nada. Bastará à camisa, aberta no arco. E diante do furor impotente do adversário, a camisa rubro-negra será uma bastilha inexpugnável".

Acho que não precisa dizer mais nada....
Esta noite vamos arrancar uma vitória, se Deus quiser, mesmo na altitude. Não percam!

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