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Mais um capítulo da novela TV Brasil

Reportagem de Isabel Braga, no Globo Online, informa que o Conselho Curador da TV Pública concluiu nesta terça-feira a tomada de depoimentos para apurar a denúncia feita pelo ex-funcionário da TV Brasil Luiz Lobo de que estaria havendo interferência do Palácio do Planalto na programação jornalística da emissora. Três conselheiros da comissão corregedora ouviram a diretora de jornalismo da TV Pública, Helena Chagas. Segundo o relator do caso, José Paulo Cavancanti Junior, o relatório sobre o caso deverá ser apresentado em um mês.

O ministro Franklin Martins (Secretaria de Comunicação Social), que participou da reunião do conselho, afirmou que os conselheiros terão tranqüilidade para decidir, mas que ele pessoalmente não viu nenhum tipo de interferência do Planalto no que foi veiculado.

- Eu assisti os noticiários. Acho absolutamente isentos, equilibrados. Quero ver alguém achar ali algo chapa branca.

O relator do caso também tratou de tirar o seu da reta: "Em favor da TV temos a própria formação do conselho que não permite a ninguém supor que foi constituído para apoiar a TV Brasil. Somos independentes e temos apenas que prestar contas à nossa consciência - disse José Paulo.

Olhando nas entrelinhas, me parece que o ministro se dirigiu aos jornalistas Reinaldo Azevedo e Diogo Mainardi, que têm nele um de seus alvos prediletos. A impressão que dá é que, tanto ele quanto o relator fazem uma espécie de defesa prévia, temendo o que poderá vir. Seria cômico, se não fosse trágico.

A TV Brasil é uma entre as inúmeras excrescências do governo Lula. A justificativa para a sua criação é o aumento da oferta de programação, e um canal para que governantes e autoridades possam prestar contas dos seus atos. Uma grande piada. A TV pública não passa mais um sorvedouro de dinheiro público e cabide de emprego para os apaniguados do governo, além, é claro, de servir aos detentores do poder para propaganda e divulgação do que lhes interessa, no formato que lhes convém. Ou seja, é mais uma empulhação, uma tentativa sórdida de enganar a opinião pública, com claros objetivos de privatizar recursos públicos para o PT e a corja que o apóia.

Nada mais me causa admiração neste governo. As vísceras dessa gente estão expostas. Está impregnada no DNA deles a vocação para a enganação, o roubo, a falcatrua, a corrupção, a mentira, e, principalmente, a exploração da boa-fé dos mais simples, humildes, e necessitados. Talvez este último seja o maior crime e o pior legado que a malta que tomou de assalto a Republica vai deixar: - a idéia que é papel do governo distribuir benesses a certos grupos da população. Nada contra, ajudar a quem precisa. Mas, o que se está fazendo - o conjunto da obra - desde a caridade com o chapéu alheio, passando pela inversão de valores sendo perpetrada em todos os segmentos da atividade humana, até a ação predatória dos que se adonaram de cadeiras na Administração, direta e indireta -- representa um retrocesso, aí sim, como nunca se viu nesse país. Depois da passagem desses predadores, haverá muito a reconstruir, começando pela mentalidade que se criou sobre as funções do Estado até o papel das instituições.

Eu, que sempre acreditei que o exercício regular do voto traria mais consciência, melhores escolhas, e um posicionamento crítico que tenderia a produzir melhores políticos, e consequentemente, melhores governantes, observo que nada disso está acontecendo. Voltamos aos velhos tempos da idolatria cega, da valorização do personalismo, da admiração com o messianismo, e ao pior dos mundos - o do pensamento único. A TV pública é mais um instrumento de consolidação desse status quo. É por isso que, quando uma voz que veio das entranhas do leviatã se manifesta, é preciso que o que sobrou lute, para que a verdade prevaleça e se possa extirpar do nosso meio essas ervas daninhas. Esse é mais um caso que precisa ser investigado até as suas últimas consequencias, para que se não houver alternativa à convivência com mais este descalabro, que se coíba a sua má utilização.

Antes que alguém me acuse de qualquer coisa, que fique claro que não desejo a eliminação de ninguém, mas que se renove a disposição de combater no sentido de construir uma sociedade pluralista, fraterna, igualitária sem que para isso se sacrifique o nosso maior bem: a democracia.

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