Uma rápida busca nos arquivos do New York Times revela que nada, absolutamente nada, foi publicado no jornalão a respeito da "façanha" que, segundo os ufanistas e deslumbrados em geral, o Brasil realizou ao ganhar um grau BBB- da Agencia de Avaliação de Risco Standard & Poor's, de Nova Iorque. Somente a Reuters roçou no assunto, em menos de 30 linhas, fazendo questão de lembrar que nossas dívidas permanecem muito altas e que a Fitch classifica o Brasil como BB+ enquanto a Moody's como "Ba1", ambas, um ponto abaixo do propalado "investment grade". De resto, a imprensa internacional observou o tema com naturalidade e, a rigor, isso não foi, pra eles, um feito tão espetacular.
Mostrando o quanto ainda estamos na rabeira do mundo, o presidente e seus áulicos, alguns empresários e a turma que vai ganhar muito com isso, comemoraram o fato como vitória em Copa do Mundo, chegando Lula ao cúmulo de dizer que 'agora somos um país sério'.
O que o petista esquece é que essas agências já não gozam do mesmo prestígio que antes, especialmente depois de seus graves erros durante a farra da casa própria dos americanos, cujos efeitos ainda corroem as grandes economias mundiais, e desabou sobre as próprias agências, que não tiveram competência para alertar seus clientes que se tratava de uma 'bolha', e avalizaram papéis cujo futuro era incerto como a trajetória de uma bola de gas com o bico aberto.
De fato, os indicadores econômico-financeiros do Brasil estão mais sólidos, o que permitiu ao país se manter um tanto equidistante em relação à grave crise nos mercados financeiros dos Estados Unidos e da Europa que se arrasta desde o ano passado. Tudo, porém, é um jogo. Nada garante que essa não seja parte de uma estratégia para inflar o mercado brasileiro, ganhar um punhado de dinheiro e sair na hora que a coisa começar a fazer água. Há indícios fortes de tramóias envolvendo as agências e os emissores de papéis por elas avaliados. Por causa disso, a confiabilidade delas foi muito abalada. A propósito, no NYT de hoje, Paul Krugman alerta que, com a aparente estabilização dos mercados, o aviso não foi ouvido, e está sendo deixada de lado a oportunidade de efetuar uma reforma regulatória no sistema, cuja ausência dá a certeza que uma nova crise virá, ainda mais forte do que a atual.
No Brasil, o governo não olha para o futuro, gasta muito mal, investe pior ainda, e não assenta as bases da economia em alicerces ainda mais firmes, tornando-nos vulneráveis a ataques especulativos e manobras dos grandes players do mercado. O certo seria explorar ao máximo os aspectos positivos dessa novidade, mas mantendo os dois pés no chão, construir os bunkers de defesa econômicos que nos faltam como a reforma fiscal, a reforma da previdência e a reforma trabalhista. Surfar essa onda é uma boa medida, desde que fazendo com que entre dinheiro de longo prazo e capital primário, que investe diretamente na atividade produtiva. Só assim estaremos melhor preparados para as incertezas de depois. Comemoremos, mas com cautela e sem estardalhaço. Prevenção e água-benta não fazem mal a ninguém.
Mostrando o quanto ainda estamos na rabeira do mundo, o presidente e seus áulicos, alguns empresários e a turma que vai ganhar muito com isso, comemoraram o fato como vitória em Copa do Mundo, chegando Lula ao cúmulo de dizer que 'agora somos um país sério'.
O que o petista esquece é que essas agências já não gozam do mesmo prestígio que antes, especialmente depois de seus graves erros durante a farra da casa própria dos americanos, cujos efeitos ainda corroem as grandes economias mundiais, e desabou sobre as próprias agências, que não tiveram competência para alertar seus clientes que se tratava de uma 'bolha', e avalizaram papéis cujo futuro era incerto como a trajetória de uma bola de gas com o bico aberto.
De fato, os indicadores econômico-financeiros do Brasil estão mais sólidos, o que permitiu ao país se manter um tanto equidistante em relação à grave crise nos mercados financeiros dos Estados Unidos e da Europa que se arrasta desde o ano passado. Tudo, porém, é um jogo. Nada garante que essa não seja parte de uma estratégia para inflar o mercado brasileiro, ganhar um punhado de dinheiro e sair na hora que a coisa começar a fazer água. Há indícios fortes de tramóias envolvendo as agências e os emissores de papéis por elas avaliados. Por causa disso, a confiabilidade delas foi muito abalada. A propósito, no NYT de hoje, Paul Krugman alerta que, com a aparente estabilização dos mercados, o aviso não foi ouvido, e está sendo deixada de lado a oportunidade de efetuar uma reforma regulatória no sistema, cuja ausência dá a certeza que uma nova crise virá, ainda mais forte do que a atual.
No Brasil, o governo não olha para o futuro, gasta muito mal, investe pior ainda, e não assenta as bases da economia em alicerces ainda mais firmes, tornando-nos vulneráveis a ataques especulativos e manobras dos grandes players do mercado. O certo seria explorar ao máximo os aspectos positivos dessa novidade, mas mantendo os dois pés no chão, construir os bunkers de defesa econômicos que nos faltam como a reforma fiscal, a reforma da previdência e a reforma trabalhista. Surfar essa onda é uma boa medida, desde que fazendo com que entre dinheiro de longo prazo e capital primário, que investe diretamente na atividade produtiva. Só assim estaremos melhor preparados para as incertezas de depois. Comemoremos, mas com cautela e sem estardalhaço. Prevenção e água-benta não fazem mal a ninguém.
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