Pular para o conteúdo principal

Diatribes e depoimentos

Dois assuntos ainda carecem de um comentário por aqui: - a "resposta" que Lula deu ao general Heleno sobre questão que ele ignora - a situação das nossas fronteiras e a política indigenista - e o depoimento da ministra Dilma, no Senado, sobre o PAC e o vazamento do dossiê gestado das entranhas da Casa Civil.

Lula é, realmente, um fenômeno. É fenomenal a sua capacidade de falar bobagens e sua nenhuma aptidão e apetite para o desempenho do cargo que ocupa. No momento, sua principal preocupação é garantir a eleição de sua turma no pleito municipal de novembro. Para isso, percorre o país em campanha, às custas de dinheiro público, com a desculpa que inaugura obras do PAC, o principal programa de seu governo, com notável caráter eleitoreiro, que ainda não passou de um apanhado de intenções. Se quando ficava em Brasília o presidente já era pouco afeito aos negócios de estado, agora, engajado na maratona eleitoral, ele mal sabe o que se passa nas cercanias do palácio, o que dirá dos confins desse imenso país.

O mais aguerrido militante tem consciência de que Lula e seu governo nada sabem a respeito dos índios, da situação de nossas fronteiras, da atuação dos biopiratas infiltrados nas ONGS que alimenta, das rotas do narcotráfico na Amazônia e da presença de guerrilheiros no território nacional. Ele só sabe de alguma coisa momentos antes de entrar no palco para seus maçantes improvisos. É quando sopram-lhe ao ouvido meia dúzia de palavras, que são transformadas em sonolentas e decepcionantes peças de oratória, a la Castro. Quando chamado a falar de assuntos mais complexos, obviamente, a criatura não sabe o que dizer, ou pronuncia (naquele seu trágico arremedo de portugues) rematadas sandices.

A afirmação que "quando não tinha Exército (na fronteira de Roraima com a Guiana), foram os índios que defenderam nossa soberania", além de não ser dele, por copiada de um professor da Uni-Rio, foi dita para acalmar a pressão que fazem os missionários indigenistas, a ONU e as ONGs estrangeiras, que querem expulsar os plantadores de arroz, os donos de terras, em clara ameaça de rompimento da integridade territorial. Esse lobby é poderoso e caro aos interesses petistas. Propositalmente omisso na fiscalização do seu uso, o governo faz jorrar dinheiro nos cofres dessa gente, que em contrapartida apoia e fortalece financeiramente toda uma rede de outras organizações que, oficialmente, nada têm a ver com a questão do índio brasileiro. Além, é claro, de beneficiar os seus dirigentes, como supõe-se ser o caso do presidente da Força Sindical, Paulinho Pereira. Esse conluio ameaça não apenas a soberania nacional, como constitui crime contra o Estado. Só não vê quem não quer.

Na CPI, mais um episódio insólito: - a ministra Dilma Roussef apresentou mais uma versão sobre o dossiê - a enésima - ao qual costuma dar a alcunha de "banco de dados", e não tocou na verdadeira chaga que foi o vazamento. Este sim, precisa ser investigado, pois é crime. Sobre a inquirição feita pelos senadores, a imprensa chapa-branca inflou a atuação da ministra, especialmente por uma resposta a pergunta do senador José Agripino, onde confirmou seu vocação para mentir. Essa inversão de valores não é novidade, mas, convenhamos, se encaixa perfeitamente em tudo que o PT faz. Às vezes penso que essa gente e eu vivemos em mundos diferentes, com realidades diversas. É que eles estão muito acostumados a mentir, e eu não.

De qualquer forma, uma luz apareceu e pelo visto, tem o dedo do pessoal do Zé Dirceu - aqueles que permanecem no governo - o vazamento do dossiê organizado pela Casa Civil como forma de pressionar a oposição com os gastos de FHC. A despeito dos indícios, novamente, o governo se esquiva e só vai apresentá-lo como autor se não houver alternativa. Agora a CPI tem um caminho, basta ir atrás desse que os outros, e quem deu a ordem, vão aparecer.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Voltando devagar

Dois anos depois, senti vontade de voltar a escrever. Já havia perdido um bocado do entusiasmo, me sentindo incapaz de produzir algo interessante, que valha a pena ser lido, sentimento que pouco mudou. O que mudou foi o jeito como estou começando a ver as coisas. Outro dia, li algo que me chamou a atenção, tipo: "A arte não é para o artista mais do que a água é para o encanador”. E continuava, "Não, a arte é para quem a absorve, mesmo que o artista nem sempre tenha plena consciência do quanto isso é verdade. Pois sim, na verdade, a maioria dos artistas que ainda decidimos considerar entre “os grandes” estavam fazendo isso para fins em grande parte masturbatórios, em oposição à pura motivação de “querer criar algo para os outros." Aparentemente, trata-se de uma fala de um personagem de filme. Ainda estou por checar. Definitivamente, o que faço aqui não é arte, não tenho essa pretensão, no entanto, essa é sem dúvida uma questão estranha sobre a arte como um conceito, que a...

Perda irreparável

Na terça-feira passada, 17, fui surpreendido com uma das piores notícias da minha vida - um dos amigos que mais gosto, um por quem tenho enorme admiração, um irmão que a vida me deu, havia deixado este mundo. A notícia não dava margem a dúvidas. Era um cartão, um convite para o velório e cremação no dia seguinte. Não tinha opção, a não ser tentar digerir aquela trágica informação. Confesso que nunca imaginei que esta cena pudesse acontecer. Nunca me vi  nesta situação, ainda mais em se tratando do Sylvio. A chei que  ele estaria aqui pra sempre. Que todos partiriam, inclusive eu, e ele aqui ficaria até  quando ele próprio resolvesse que chegar a hora de descansar. Ele era assim,  não convencional e suspeitei que, como sempre fez, resolveria também  essa questão. Hoje em dia, com a divisão ideológica vigente e as mudanças nos códigos  de conduta, poucos diriam dele: que cara maneiro! M esmo os que se surpreendiam ou não gostavam de algumas de suas facetas, c...

História do Filho da Puta

John Frederick Herring (1795 - 1865) foi um conhecido pintor de cenas esportivas e equinas, na Inglaterra. Em 1836, o autor do famoso quadro "Pharaoh's Charriot Horses", avaliado em mais de $500.000, acrescentou "SR" (Senior) à assinatura que apunha em seus quadros por causa da crescente fama de seu filho, então adolescente, que se notabilizou nessa mesma área. Apesar de nunca ter alcançado um valor tão elevado, um outro de seus quadros tem uma história bastante pitoresca. Em 1815, com apenas 20 anos, Herring, o pai, como era tradição, imortalizou em um quadro a óleo o cavalo ganhador do St Leger Stakes, em Doncaster, na Inglaterra. Até aí, nada de mais. A grande surpresa é o nome do animal: Filho da Puta! É isso mesmo. Filho da puta. Há pelo menos três versões sobre a origem desse estranho nome. A que parece mais plausível (e também a mais curiosa), dá conta que o embaixador português na Inglaterra, à época, era apaixonado por turfe e também por uma viúva com q...