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ONGs e governantes juntos na remoção

A tragédia que se abateu sobre o Rio de Janeiro na semana passada provocou uma mudança importante, tanto nos governantes, como nas ONGs que até então eram contrárias às remoções de comunidades assentadas em encostas e áreas de risco.

Com a evidente constatação que esses locais não são apropriados para se morar, os governantes ganharam um cacife que não tinham. Já as ONGs tiveram que abrir mão, pelo menos momentâneamente, da sua fonte de financiamento, por absoluta falta de argumento e opção. Fizeram isso não sem antes espernear e estabelecer que só aceitam as realocações para áreas próximas às já ocupadas, como, de resto, prevê a Lei Orgânica do Município.

A ocupação desordenada das encostas são o resultado visível de uma combinação perversa entre a necessidade dos miseráveis, a falta de planejamento urbano e de fiscalização, e o oportunismo das ONGs. Isso não é privilégio do Rio, nem de Niterói. Acontece no país inteiro.

As modificações no clima, o inchaço das cidades, o vazio do poder público, e a ausência de providências que visem a criação de soluções definitivas advertem para a repetição de eventos semelhantes a este.

Os políticos, como sempre, procuram diluir a responsabilidade. O governador Sérgio Cabral, em mais um de seus delírios, disse hoje que "Todos somos responsáveis. Nós permitimos a ocupação dos morros, a existência de milícias, o crescimento do tráfico de drogas. A sociedade deixa isso acontecer". Tais manobras são velhas conhecidas, e ele - Cabral - não fugiria à regra. Em quatro anos, assim como Lula, este sujeito não foi capaz de fazer qualquer coisa que não buscar garantir a própria permanência no poder. As favelas se multiplicaram e, nem ele, nem Cesar Maia, nem Eduardo Paes fizeram o que quer que fôsse para impedir este crescimento. Fecharam os olhos, e o resultado está aí, pulando no colo deles.

A conversa agora, é outra. Paes anunciou a remoção imediata de 8 favelas, Cabral fala em um bilhão de reais para construção de casas para os desabrigados e classificação de áreas de risco. Mais uma vez, como observei aqui naquele dia dramático, colocam o cadeado depois do arrombamento. A principal diferença é que as ONGs não farão a tradicional oposição sistemática, os moradores estão reconhecendo que os riscos são grandes e os governantes despertaram da letargia. Espero que isso signifique uma luz no fim do túnel, que se torne um exemplo para o resto do país e proporcione a essas pessoas moradia digna, em local seguro. A conferir.

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