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O conflito de Lula

A última pesquisa DataFolha, que revela a possibilidade de eleição de Serra ainda no primeiro turno, fez Lula se postar na arena das eleições não mais como o fiador do seu poste, mas como protagonista, como se fosse ele a disputar o cargo em outubro. Em discurso marcado pela agressividade, a chacota e os despautérios costumeiros, nesta quinta-feira, o presidente chamou a oposição pra briga dizendo que "vai trabalhar que nem um desgraçado, e vai ser difícil me vencer".

Essa nova atitude mostra, de um lado, o desespero que tomou conta da situação ao perceber que a ex-ministra chegou ao esperado teto que uma candidatura de esquerda poderia alcançar - e daí não vai sair -, como evidencia o arrependimento que o palanqueiro está sentindo por ter fingido aceitar a negativa de mexer na Constituição. Por não ter mostrado, à época, como desejava se manter agarrado ao poder.

Ninguém ignora o quanto agrada ao líder petista as benesses e as mordomias que o poder lhe conferem. Na verdade, além de se dedicar ao discurso fácil, ao autoelogio, à prestidigitação política, é disso que ele mais gosta: boa comida, bebida farta, festas, jantares, viagens, carros, cartão de crédito sem limite, influência, prestígio e o séquito de puxa-sacos em volta. No círculo íntimo, pra quem veio pra São Paulo de pau-de-arara, ele deve rir às gargalhadas da cara de todos nós por ter conseguido chegar onde chegou. Daí toda essa revolta. Daí a mágoa por ter sido combatido, desde a primeira hora, o terceiro mandato, pela sociedade. Parece que só agora caiu a ficha que ele vai ser obrigado a passar o bastão, mostrando que assim como a morte, passou o tempo todo pensando que esse dia não ia chegar.

Passados quase oito anos, o que se vê é um Lula consumido pelo messianismo, arrogância, vaidade e o apego às facilidades e vida boa que Brasília proporciona, a ele e aos seus. A convivência com Ulisses Guimarães deve ter-lhe inculcado na mente a idéia de que "o poder é afrodisíaco", frase que o velho político do PMDB não fazia questão de esconder.

Justamente por causa disso, é preciso que estejamos atentos e preparados para o que virá. Se ele próprio diz que vai tentar de tudo para que o poste o substitua, e pelo que já tem feito esse tempo todo, solapando a lei, agredindo as instituições e abusando do cargo, se faz urgente que os homens de bem tomem todos os cuidados e protejam o que de mais importante conquistamos: a democracia.

O Brasil não merece esses 8 anos de PT, e muito menos uma extensão desse desvario. Quero muito que Serra ganhe, não apenas para nos livrarmos dessa canalha, mas pra ver qual será a atitude de Lula na passagem de comando. Quero ver se vai se lembrar de como FHC facilitou as coisas pra ele, de como colaborou, de todas as formas, inclusive tomando medidas impopulares antes de entregar-lhe o governo, evitando desgastes para o mandatário que estava chegando. Será apenas a prova final, uma chance que a história lhe reserva, pois o caráter dessa gente, todo mundo já conhece.

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