O General Leônidas Pires Gonçalves, ex-ministro do Exército, e ex-chefe do DOI-CODI no Rio de Janeiro, concedeu uma histórica entrevista ao reporter Genetton Moraes Neto onde aborda, sem meias palavras, a participação dele e o papel das Forças Armadas na Revolução de 64 - uma parte da história do Brasil que não é contada e vem sendo deliberadamente escamoteada da sociedade e da juventude brasileiras.
O programa "Dossiê Globo News" exibiu 50 minutos da conversa com o general. O militar, de 88 anos, forte e lúcido, com tranquilidade, simplicidade, firmeza, e principalmente, autoridade, abriu o verbo: "Quem começa uma guerra, não pode lamentar os mortos. E foram eles que começaram. Na guerra, de belo, só a vitória. E nós vencemos.". O general afirmou (o que todo mundo já sabe) que muitos dizem ter sido torturados pela ambição financeira, para obter a bolsa-ditadura, e lançou um desafio: que apareça um único subversivo que prove ter sido torturado enquanto ele chefiou o Destacamento de Operações de Informações, o famoso DOI.
Ele afirmou que, embora nunca tenha havido na sua área, não era só com tortura que se obtinha informações, mas também com delação, muitas vezes, paga. Sobre isso, mencionou que mandou pagar 150 mil, em Porto Alegre, à filha de um dirigente do PC do B, que entregou data, hora e local onde estaria a cúpula do partido, em São Paulo, o que resultou na morte de três deles, por resistência à prisão. Disse ainda que a idéia de pagar tinha sido dele, que tinha sido adido militar na Colômbia e aprendeu por lá que "se comprava subversivo com dinheiro". Este episódio, conhecido como o "massacre da Lapa", que de massacre não teve nada, é contado nos livros A verdade sufocada, do coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, e Sem vestígios: revelações de um agente secreto da ditadura militar brasileira, de Taís Moraes (sobre o diário do agente Carioca, do CIE) e o dirigente, cujo nome não foi citado na entrevista, é Jover Telles, o Rui.
Aqui um parênteses: o livro de Taís trouxe a público fatos estarrecedores contados pelo militar que morreu a machadadas, em um fato não esclarecido, entre eles a afirmação de que o ex-ministro José Dirceu teria sido um agente duplo, responsável pelo desmantelamento do Movimento de Libertação Popular (Molipo). "Segundo as notas de Carioca, depoimentos de alguns militares e as memórias dos coronel Lício [Augusto Maciel] - naquele idos, major -, Daniel [codinome de José Dirceu] teria sido o agente duplo e, antes de morrer, Jeová [de Assis Gomes, militante do grupo armado] informara esse nome como o de quem havia traído o Molipo", diz o livro.
Dirceu disse que a afirmação contra ele é uma "infâmia", urdida pelo coronel Lício, que "se especializou em difamar tanto a memória dos mortos como os que sobreviveram". Atribui-se a Lício, por exemplo, a versão de que o deputado José Genoino, primeiro preso pela repressão na Guerrilha do Araguaia, teria entregado seus companheiros.
Voltando à entrevista do general, um pequeno bate-boca se formou com o repórter sobre a questão dos exilados. Para o general, o que houve foram fugitivos, uma vez que nunca receberam a ordem para deixar o país. "Se foram, por vontade própria. Ficassem no Brasil. Não quiseram, ou tiveram medo de enfrentar as conseqüencias de suas ações. Alguns foram, inclusive, se preparar, militarmente, na Albânia, em Cuba e na Rússia".
Pires lembrou que "ninguém foi preso à toa, por nada, [quem foi] alguma coisa grave fez... naquela época estávamos vivendo uma guerra, com ações vultosas, onde se assassinava, se assaltava banco, se sequestrava embaixador".
Quando perguntado sobre o revanchismo de civis contra os militares, respondeu: "Não podemos esquecer que a sociedade veio às ruas, aos berros, pedindo que os militares realizassem a revolução de 64. O Exército brasileiro nunca foi intruso na história do Brasil, e sim instrumento da vontade nacional. Quando fizemos a revolução, estávamos cumprindo a vontade nacional".
Em seguida, contou algumas curiosidades sobre a posse de Sarney, devida à doença de Tancredo, e como ele se empenhou naquele impasse em cumprir a Constituição, aliás, principal função de um homem de armas.
Respondendo à pergunta de Genetton sobre a imagem que ficou do exército, passados 25 anos do fim do regime, o general respondeu com todas as letras: "O regime militar salvou o Brasil de se tornar uma república sindicalista, comunista, criminosa e assassina, que desagüou na democracia que temos agora. Digo isso, com a maior convicção."
Em tudo, e por tudo, a entrevista do general foi uma demonstração cabal de firmeza, autenticidade, sinceridade e certeza do dever cumprido. Quiçá, ainda tenhamos nas Forças homens com esse caráter.
O programa "Dossiê Globo News" exibiu 50 minutos da conversa com o general. O militar, de 88 anos, forte e lúcido, com tranquilidade, simplicidade, firmeza, e principalmente, autoridade, abriu o verbo: "Quem começa uma guerra, não pode lamentar os mortos. E foram eles que começaram. Na guerra, de belo, só a vitória. E nós vencemos.". O general afirmou (o que todo mundo já sabe) que muitos dizem ter sido torturados pela ambição financeira, para obter a bolsa-ditadura, e lançou um desafio: que apareça um único subversivo que prove ter sido torturado enquanto ele chefiou o Destacamento de Operações de Informações, o famoso DOI.
Ele afirmou que, embora nunca tenha havido na sua área, não era só com tortura que se obtinha informações, mas também com delação, muitas vezes, paga. Sobre isso, mencionou que mandou pagar 150 mil, em Porto Alegre, à filha de um dirigente do PC do B, que entregou data, hora e local onde estaria a cúpula do partido, em São Paulo, o que resultou na morte de três deles, por resistência à prisão. Disse ainda que a idéia de pagar tinha sido dele, que tinha sido adido militar na Colômbia e aprendeu por lá que "se comprava subversivo com dinheiro". Este episódio, conhecido como o "massacre da Lapa", que de massacre não teve nada, é contado nos livros A verdade sufocada, do coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, e Sem vestígios: revelações de um agente secreto da ditadura militar brasileira, de Taís Moraes (sobre o diário do agente Carioca, do CIE) e o dirigente, cujo nome não foi citado na entrevista, é Jover Telles, o Rui.
Aqui um parênteses: o livro de Taís trouxe a público fatos estarrecedores contados pelo militar que morreu a machadadas, em um fato não esclarecido, entre eles a afirmação de que o ex-ministro José Dirceu teria sido um agente duplo, responsável pelo desmantelamento do Movimento de Libertação Popular (Molipo). "Segundo as notas de Carioca, depoimentos de alguns militares e as memórias dos coronel Lício [Augusto Maciel] - naquele idos, major -, Daniel [codinome de José Dirceu] teria sido o agente duplo e, antes de morrer, Jeová [de Assis Gomes, militante do grupo armado] informara esse nome como o de quem havia traído o Molipo", diz o livro.
Dirceu disse que a afirmação contra ele é uma "infâmia", urdida pelo coronel Lício, que "se especializou em difamar tanto a memória dos mortos como os que sobreviveram". Atribui-se a Lício, por exemplo, a versão de que o deputado José Genoino, primeiro preso pela repressão na Guerrilha do Araguaia, teria entregado seus companheiros.
Voltando à entrevista do general, um pequeno bate-boca se formou com o repórter sobre a questão dos exilados. Para o general, o que houve foram fugitivos, uma vez que nunca receberam a ordem para deixar o país. "Se foram, por vontade própria. Ficassem no Brasil. Não quiseram, ou tiveram medo de enfrentar as conseqüencias de suas ações. Alguns foram, inclusive, se preparar, militarmente, na Albânia, em Cuba e na Rússia".
Pires lembrou que "ninguém foi preso à toa, por nada, [quem foi] alguma coisa grave fez... naquela época estávamos vivendo uma guerra, com ações vultosas, onde se assassinava, se assaltava banco, se sequestrava embaixador".
Quando perguntado sobre o revanchismo de civis contra os militares, respondeu: "Não podemos esquecer que a sociedade veio às ruas, aos berros, pedindo que os militares realizassem a revolução de 64. O Exército brasileiro nunca foi intruso na história do Brasil, e sim instrumento da vontade nacional. Quando fizemos a revolução, estávamos cumprindo a vontade nacional".
Em seguida, contou algumas curiosidades sobre a posse de Sarney, devida à doença de Tancredo, e como ele se empenhou naquele impasse em cumprir a Constituição, aliás, principal função de um homem de armas.
Respondendo à pergunta de Genetton sobre a imagem que ficou do exército, passados 25 anos do fim do regime, o general respondeu com todas as letras: "O regime militar salvou o Brasil de se tornar uma república sindicalista, comunista, criminosa e assassina, que desagüou na democracia que temos agora. Digo isso, com a maior convicção."
Em tudo, e por tudo, a entrevista do general foi uma demonstração cabal de firmeza, autenticidade, sinceridade e certeza do dever cumprido. Quiçá, ainda tenhamos nas Forças homens com esse caráter.
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