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Mensaleiros do PT: "vai tudo bem, obrigado."

A ex-ministra Dilma Rousseff, candidata do PT à sucessão presidencial, acusou há duas semanas a oposição de tentar ressuscitar 2005, ano em que estourou o escândalo do mensalão, maior caso de corrupção da era Lula, protagonizado por petistas, parlamentares da base aliada, dirigentes de partidos, ministros e assessores.

"Estão tentando trazer 2005 para a eleição de 2010, mas não acho que isso seja eficaz’," afirmou Dilma antes de entrar na última reunião do Conselho de Administração da Petrobras, que presidia.

No ano que vem, o STF poderá julgar os 40 ladrões, quer dizer, quadrilheiros, denunciados em 2006 pelo então procurador-geral Antonio Fernando de Souza. Só vai ficar faltando o Ali Blá-blá.

Como a legislação é frouxa e a justiça, lenta, todos estão sendo processados em liberdade. Isso lhes permite levar uma vida parecida com a que tinham nos bons tempos de mensaleiros. Sobre isso, vejam o levantamento apresentado no blog do Augusto Nunes. Como diria o apresentador da Band, Boris Casoy: "é uma ... vergonha".

Genoíno
O que fez: O ex-presidente do PT é acusado de formação de quadrilha, peculato, e corrupção ativa. Deixou a direção do partido em julho de 2005. Continuou filiado ao PT paulista depois de convencer os companheiros que não sabia que estava assinando um contrato de empréstimo ao partido, avalizado por Valério, no valor de 2,4 milhões.

O que faz: em 2006, reelegeu-se deputado federal pela sexta vez e renovou o direito a foro privilegiado. Em novembro de 2009, criticou na tribuna o projeto que tenta barrar a candidatura dos fichas-sujas. "Os senhores sabem como se constitui o autoritarismo nos regimes de terror, no mundo", afirmou. "Começa com a idéia de que há um maniqueísmo dos puros e dos impuros". No começo de 2010, o PT oficializou a volta de Genoíno à direção do partido.

Dirceu
O que fez: segundo deputado federal mais votado em 2002, José Dirceu foi colocado por Lula na Casa Civil, de onde comandava tudo que ocorria no Planalto. Foi qualificado na denúncia do procurador-geral de "chefe de uma organização criminosa sofisticada". É acusado de formação de quadrilha, peculato e corrupção ativa. Deixou o cargo em junho de 2005, prometendo lutar pela preservação do mandato. Foi cassado quatro meses depois e perdeu os direitos políticos até 2015.

O que faz: Dirceu virou consultor de empresas e fatura mensamente cerca de R$ 150 mil. Frequenta restaurantes caros e circula por São Paulo em carro com motorista. Foi devolvido ao diretório nacional do PT e é um dos coordenadores da campanha de Dilma Roussef. O livro de memórias que o jornalista Fernando Morais esboçava não avançou. Dirceu jura que as anotações se perderam no espaço cibernético.

João Paulo
O que fez: Eleito presidente da Câmara dos Deputados no início do mandato de Lula, João Paulo Cunha comandou as votações que aprovaram as reformas prioritárias do governo. Após a primeira denúncia, feita pelo Jornal do Brasil em outubro de 2004, João Paulo ganhou o direito de resposta e negou o esquema. É acusado de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato, e de obter vantagem indevida no exercício de atividade parlamentar por ter recebido em proveito próprio R$ 50 mil da agencia de publicidade SMP&B, de Marcos Valério.
O que faz: Em 2006, reelegeu-se para o quarto mandato como o deputado mais votado do PT em São Paulo. Em 2010, voltou à direção do partido ao lado de Dirceu e Genoíno.
Delúbio
O que fez: o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, acusado de formação de quadrilha, peculato e corrupção ativa, é apontado na denúncia como o responsável pelo "esquema de repasse de dinheiro". Foi expulso do partido em outubro de 2005 e, no ano seguinte, demitido da rede estadual de ensino de Goiás.
O que faz: Dois anos depois do escândalo fundou a empresa Geral Imóveis, cujo principal negócio é publicar anúncios imobiliários na internet. É um dos responsáveis pela aliança do PT com o PMDB em Goiânia e tem dito estar pronto para ajudar na campanha de Dilma à presidência. Mesmo fora do partido, se diz petista de coração e não perde a oportunidade de exaltar o governo Lula, nem de defender a continuidade do que chama de "nosso projeto". Por enquanto escreve semanalmente no jornal goiano Diário da Manhã.
Silvinho
O que fez: O então secretário-geral do PT nacional Silvio Pereira foi acusado de coordenar a distribuição de cargos públicos no governo Lula e de receber propina da empresa GDK, que tinha contratos com a Petrobras. Em carta entregue ao PT em julho de 2005 assumiu ter errado ao aceitar um Land Rover de R$ 74 mil como presente do vice-presidente da GDK, seu amigo César Roberto de Oliveira, e solicitou sua desfiliação do partido. Para livrar-se da cadeia achou melhor cumprir 750 horas de serviço comunitário. Para que seja excluido definitivamente do processo não pode reincidir em ações criminosas até 24 de janeiro de 2011.
O que faz: Silvinho disse que não voltaria à política. Promete administrar o restaurante da família em Osasco e transformar numa pousada a casa que tem em Ilhabela, avaliada em R$ 650 mil. Foi visto pela última vez no bairro do Butantã, em São Paulo, fiscalizando a limpeza de praças, desobstrução de bocas-de-lobo e podas de árvores.
Duda
O que fez: O publicitário Duda Mendonça cuidou da campanha de Lula em 2002 e monitorou a imagem do presidente até 2005. É acusado de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Na CPI dos Correios, confessou ter recebido dinheiro do PT no exterior por meio de Marcos Valério. Foi preso por participar de brigas de galo. A empresa de Duda não renovou o contrato com a Secretaria de Comunicação da Presidência, mas manteve a conta da Petrobras até 2007 (R$ 250 milhões/ano). Em 2009, foi denunciado na Bahia por desmatamento. O Ministério Público Federal tenta cobrar de Duda R$ 757,8 mil pagos indevidamente pelo governo federal.
O que faz: Continua dirigindo a empresa de publicidade com sede em São Paulo. Criou uma vinheta para a propaganda eleitoral de 2010 com o refrão "deixa a Dilma me levar, Dilma leva eu", que só foi decorado por Ideli Salvati. Acabou fechando contrato para a campanha de Paulo Skaf, pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PSB. Ciro Gomes tem interesse em contratá-lo ainda este ano.
Valério
O que fez: O publicitário Marcos Valério ficou famoso pelo apelido Carequinha de Minas, criado por Roberto Jefferson, e pela gula com que exerceu o cargo de gerente-geral do mensalão. É acusado de formação de quadrilha, peculato, falsidade ideológica, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Os cabelos cresceram nos anos seguintes, mas Valério perdeu os contratos de publicidade com o governo, calculados em R$ 400 milhões. Em 2008, foi preso durante a Operação Avalanche da Polícia Federal ao encomendar um inquérito policial forjado para prejudicar dois fiscais na Fazenda paulista.

O que faz: Em 2009, o lobista e ex-carequinha deixou a penitenciária II de Tremembé, largou a publicidade e agora é um próspero empresário da pecuária. Está com os bens bloqueados pela Justiça, mas conserva o mesmo padrão de vida que ostentava antes do escândalo: mora em uma mansão recém-reformada em Belo Horizonte e cria cavalos de raça numa fazenda arrendada.

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