A energia nuclear despertou interêsse no Brasil após a Segunda Guerra Mundial - o CNPq e a CNEN foram criadas nos anos 50 para cuidar de pesquisa e desenvolvimento nesta área -, mas, foi somente nos anos 70 que o governos Médici e Geisel deram início a um programa real de utilização e domínio das diversas tecnologias do ciclo do combustível nuclear, como o enriquecimento e o reprocessamento de urânio.
A implantação das usinas de Angra 1 e 2 foram cercadas de polêmica. A despeito da censura vigente na época, lembro perfeitamente de ter lido críticas ao fato de Angra 1 ter sido comprada como uma caixa preta, ou seja, sem que houvesse transferência de tecnologia, e que a tecnologia a ser aplicada em Angra 2, a despeito de se ter mais acesso a algumas etapas da fabricação do combustível nuclear, havia muita desconfiança quanto aos modelos sugeridos pelo fornecedor da Alemanha - a Siemens - por ainda estar em estudos naquele país.
Apesar de tudo, o programa prosseguiu e Angra 1 está em operação há cerca de 30 anos, enquanto Angra 2 funciona comercialmente desde 2001, tendo levado mais de 20 anos para chegar a este ponto.
A produção de um fornecimento seguro de eletricidade a partir de fissão nuclear demanda processos industriais muito complexos, e conhecimentos altamente especializados. O potencial de impacto ambiental agudo é imenso e as usinas devem estar preparadas para administrar crises altamente abrangentes, como vemos acontecer agora no Japão. Há indicações de que nossas usinas possuem sistemas de segurança que desligam a usina em caso de superaquecimento, incêndio, alta pressão, abalo sísmico, entre outras situações. Embora tenha custado o triplo do orçamento inicial, a Siemens teria atualizado continuamente a tecnologia aplicada em Angra a partir dos avanços técnicos ocorridos na Alemanha ao longo do período de construção, garantindo níveis adequados de projeto e segurança.
Um outro ponto importante é o rejeito ou lixo nuclear, que não pode ser descartado em qualquer lugar, mas em depósitos especiais. Angra, por exemplo, tem uma piscina ao lado do reator, assim como em Fukushima. Além disso, as próprias usinas são um problema. Elas tem uma vida útil, ao fim da qual precisarão ser desmontadas, e ainda não se sabe o que fazer com as partes contaminadas.
A despeito dos nossos progressos no setor, e das garantias que o governo dá sobre o funcionamento das usinas, os riscos do uso da energia nuclear me fazem acreditar que qualquer decisão sobre a manutenção e ampliação do programa nuclear deve levar em conta, principalmente, a possibilidade de um desastre. E é justamente porque não estamos preparados nem para as chuvas, que me preocupa pensar na eficácia e eficiência dos esquemas disponíveis de prevenção e minimização de eventos indesejáveis envolvendo as usinas, se é que existem. O complexo japonês tinha tudo que se poderia pensar neste campo, além de técnicos altamente preparados, e o que estamos vendo é que o poder destruidor do terremoto e tsunami foi maior do que o previsto e, se não chegam a ser os kamikase da Segunda Guerra, nas condições que estão trabalhando, as pessoas que ainda estão lutando contra os efeitos do sinistro estão doando a si próprios no esforço de contê-los.
A incúria, a corrupção, e a incompetência pura e simples, calamitosos em nosso país, drenam recursos materiais, humanos e financeiros de todos os setores do governo. Com Angra 1 e 2 não deve ser diferente. O histórico não inspira confiança, e, não seria surpresa descrobrir que nada funciona por lá como deveria.
Na contramão do que países muito mais experientes estão fazendo, o governo Dilma já afirmou que não mudará a política brasileira de energia atômica. Inclusive, estaria mantido o fantasioso e tresloucado plano de acrescentar à matriz energética 4 unidades geradoras até 2030.
Embora não tenhamos um histórico de sismos e maremotos, não é hora de facilitar. A oposição tem a obrigação de fazer com que o governo faça uma completa revisão nas usinas e reavalie o uso dessa tecnologia. Para o nosso bem e das gerações que virão.
A implantação das usinas de Angra 1 e 2 foram cercadas de polêmica. A despeito da censura vigente na época, lembro perfeitamente de ter lido críticas ao fato de Angra 1 ter sido comprada como uma caixa preta, ou seja, sem que houvesse transferência de tecnologia, e que a tecnologia a ser aplicada em Angra 2, a despeito de se ter mais acesso a algumas etapas da fabricação do combustível nuclear, havia muita desconfiança quanto aos modelos sugeridos pelo fornecedor da Alemanha - a Siemens - por ainda estar em estudos naquele país.
Apesar de tudo, o programa prosseguiu e Angra 1 está em operação há cerca de 30 anos, enquanto Angra 2 funciona comercialmente desde 2001, tendo levado mais de 20 anos para chegar a este ponto.
A produção de um fornecimento seguro de eletricidade a partir de fissão nuclear demanda processos industriais muito complexos, e conhecimentos altamente especializados. O potencial de impacto ambiental agudo é imenso e as usinas devem estar preparadas para administrar crises altamente abrangentes, como vemos acontecer agora no Japão. Há indicações de que nossas usinas possuem sistemas de segurança que desligam a usina em caso de superaquecimento, incêndio, alta pressão, abalo sísmico, entre outras situações. Embora tenha custado o triplo do orçamento inicial, a Siemens teria atualizado continuamente a tecnologia aplicada em Angra a partir dos avanços técnicos ocorridos na Alemanha ao longo do período de construção, garantindo níveis adequados de projeto e segurança.
Um outro ponto importante é o rejeito ou lixo nuclear, que não pode ser descartado em qualquer lugar, mas em depósitos especiais. Angra, por exemplo, tem uma piscina ao lado do reator, assim como em Fukushima. Além disso, as próprias usinas são um problema. Elas tem uma vida útil, ao fim da qual precisarão ser desmontadas, e ainda não se sabe o que fazer com as partes contaminadas.
A despeito dos nossos progressos no setor, e das garantias que o governo dá sobre o funcionamento das usinas, os riscos do uso da energia nuclear me fazem acreditar que qualquer decisão sobre a manutenção e ampliação do programa nuclear deve levar em conta, principalmente, a possibilidade de um desastre. E é justamente porque não estamos preparados nem para as chuvas, que me preocupa pensar na eficácia e eficiência dos esquemas disponíveis de prevenção e minimização de eventos indesejáveis envolvendo as usinas, se é que existem. O complexo japonês tinha tudo que se poderia pensar neste campo, além de técnicos altamente preparados, e o que estamos vendo é que o poder destruidor do terremoto e tsunami foi maior do que o previsto e, se não chegam a ser os kamikase da Segunda Guerra, nas condições que estão trabalhando, as pessoas que ainda estão lutando contra os efeitos do sinistro estão doando a si próprios no esforço de contê-los.
A incúria, a corrupção, e a incompetência pura e simples, calamitosos em nosso país, drenam recursos materiais, humanos e financeiros de todos os setores do governo. Com Angra 1 e 2 não deve ser diferente. O histórico não inspira confiança, e, não seria surpresa descrobrir que nada funciona por lá como deveria.
Na contramão do que países muito mais experientes estão fazendo, o governo Dilma já afirmou que não mudará a política brasileira de energia atômica. Inclusive, estaria mantido o fantasioso e tresloucado plano de acrescentar à matriz energética 4 unidades geradoras até 2030.
Embora não tenhamos um histórico de sismos e maremotos, não é hora de facilitar. A oposição tem a obrigação de fazer com que o governo faça uma completa revisão nas usinas e reavalie o uso dessa tecnologia. Para o nosso bem e das gerações que virão.
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