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Sarney e a democracia

Em solenidade comemorativa do Dia Internacional da Democracia, o presidente do senado, José Sarney, atirou na chamada "mídia", afirmando que ao disputar com o Congresso a primazia da representatividade popular "ela" é inimiga das instituições representativas.

É claro que ele estava brincando. Sarney é assim mesmo. Em ocasiões festivas como essa, toma uns gorós a mais e desata a falar coisas nas quais ele não acredita. Como homem de imprensa, dono de rádios, televisões e jornais ele não estava jogando contra o patrimônio, mas apenas criticando uma parcela do jornalismo que se dedica a averiguar o que acontece nos bastidores do poder, em especial no meio político, e por uma dessas coisas inexplicáveis, cisma de exibir ao povo as vísceras e o lado mais, digamos, feio, dos que ficam do lado de lá do balcão de negócios. O pessoal que trabalha pra ele é, todo, muito comportado e não se mete nessas coisas condenáveis.

Interessante que Sarney percebeu claramente que isto é um movimento orquestrado - os "donos" do que ele chama de mídia se juntam e conspiram contra as ilustres excelências, dedicados servidores da causa pública - e fez questão de alertar a todos, justamente no dia da democracia. Merece um agradecimento do distinto público.

Nada a ver com Chávez, Evo, Correa, Lugo ou o casal Kirchner. Lá eles estão resolvendo o problema: usam a democracia para restringir as liberdades e eliminar a parte da "mídia" que não gosta deles. Esses caras são bons, pensa Sarney. Como faremos para trazer esses avanços pra cá?

Como grande democrata que é, Sarney tolera com grandeza - galhardamente - tudo que é dito dele, e de seus pares, desde que seja positivo e elogioso. Eu não sei onde estava com a cabeça quando desconfiei que ele poderia não ser nada disso, e sim, que é um homem autoritário, ardiloso, que abusa do poder político, e é metido em manipulações eleitorais, arbitrariedades (nepotismo incluso), e em tramóias como os atos secretos. Meu Deus! Me perdoe!

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