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Campanha vergonhosa

Lula foi ontem à TV desfilar as virtudes do pré-sal e conclamar o povo a acompanhar as discussões dos projetos por ele enviados ao Congresso. Seria cômico se não fosse criminoso. A fala determinada pelo ghost-writer presidencial, possivelmente, o "ministro" Franklinstein, estava mais para discurso de campanha do que esclarecimento ao público das intenções do governo. Repleto de ufanismo e fantasia, o discurso tinha de tudo: desde os auto-elogios de sempre até viagens completas como quando afirmou que a descoberta causou "admiração em todo o mundo", ou, ignorando tudo o que falta para viabilizar a extração no pré-sal e o que a queima dos combustíveis fósseis passará a representar, que o petróleo seria um "passaporte para o futuro".

Numa clara tentativa de intimidação do Congresso, e da oposição em particular, a pretexto de levar informação ao povo, Lula mais uma vez feriu de morte a legislação eleitoral e, pra variar, ninguém disse nada. O mínimo que a sociedade merece, é o direito de resposta.

O que incomoda já não são as mentiras, a empulhação, o caradurismo, a vaidade, a corrupção dos atuais detentores do poder. Isso já é parte da paisagem de Brasília, e não causa mais espanto. Ali Blá-Blá et caterva já se encarregaram de desmoralizar as instituições e redefiniram ao seu modo peculiar a ética na política. O que enoja é o fato de um pronunciamento como esse fazer parte, unicamente, de uma orquestração eleitoreira, paga com dinheiro público, para a qual o Judiciário vira a cara, fingindo que não vê. Aliás, estou convencido que o sucesso de Lula tem componentes que se juntaram em um mesma página lamentável da história do Brasil, que espero nunca mais venha a se repetir: um povo iletrado e muito pouco esclarecido, uma oposição mais que amiga, um Congresso fraco e corrompido, e um Judiciário interessado apenas em seu próprio umbigo. Com este panorama não havia como ele não triunfar.

O grande problema é que a ação predatória do PTismo e da canalha, sua sócia, que orbita o Planalto está criando situações que, no futuro, serão difíceis de desmontar. Uma delas é o descarado aparelhamento do Estado, onde um verdadeiro exército de apaniguados milita, subvertendo todos os conceitos de boa administração pública, onde manda quem é do partido e não quem tem mérito e conhecimento para mandar. Os tais programas sociais - um verdadeiro câncer a corroer as finanças públicas - transformados em moeda de troca eleitoral fazem com que ninguém que queira ter alguma chance de se eleger, por mais que esteja convicto da sua iniquidade, sequer mencione que poderia ao menos rever o privilégio. No âmbito político, a necessária reforma jamais sairá do papel. Eles nunca legislam, se não for em causa própria. Com isso, continuaremos privilegiando um modelo que permite que toda sorte de safado possa ingressar nas Casas Legislativas, mantendo de lá afastados os homens de bem. Por último, mas não o último (a lista é inesgotável), as indicações para postos-chave estão mudando a face do terceiro poder, tornando-o muito menos imparcial, haja visto o caso clamoroso da absolvição do ex-ministro da Fazenda no episódio da quebra do sigilo bancário do simplório caseiro.

Vivemos tempos difíceis, e o vento não está soprando a favor. É hora de promovermos a mudança. Ou não haverá mais tempo.

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