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Já estamos desarmados

O massacre de Realengo fez voltar o debate sobre a posse e compra de armas no Brasil. Os "derrotados" de 2005, os que preferem a tutela do Estado, nessa e em outras questões, estão de volta, brandindo números, investindo contra um suposto "lobby" da poderosa indústria do armamento e uma "bancada da bala", que ninguém conhece, mas, principalmente, buscando a desqualificação dos que se opõem à idéia, confundindo, em vez de esclarecer a opinião pública.


Incapazes de discutir honestamente, gente como o "mestre" Zuenir Ventura, afirma que um povo armado é um povo inseguro, e fala em voto contra o desarmamento. Infelizmente, o velho jornalista, deliberadamente, esquece alguns fatos.


A eles:

Das cerca de 1 milhão de armas fabricadas anualmente no país, 90% são exportadas. Forças armadas, polícia civil e militar, empresas de vigilância e demais autorizados a portar armas como magistrados e guardas penintenciários, adquirem o restante.

Desde o Estatuto do Desarmamento, cerca de 90% das lojas legalizadas foi à falência. Eram 2400 estabelecimentos em 2002, hoje, são pouco mais de 200. E isso não é à toa.
Adquirir uma arma pelas vias legais, no Brasil, é, virtualmente, impossível. A página da Taurus, maior fabricante de armas curtas do mundo, esclarece o que é preciso fazer para se ter uma arma registrada na residência ou no ambiente de trabalho:


Requerimento do SINARM
Deve ser preenchido e assinado pelo requerente em duas vias. o Requerimento pode ser obtido em qualquer loja especializada em vendas de armas ou no site da polícia federal


Declaração de Efetiva Necessidade.


A declaração deve explicar os fatos e circustâncias que justificam a necessidade da aquisição de uma arma de fogo, bem como a marca e o modelo da arma a ser adquirida

Obter Certidões Negativas junto à:


- Justiça Federal, pode ser obtido no site;
- Estadual, você deve se dirigir ao forum de sua cidade e solicitar;
- Militar, pode ser obtido no site;
- Eleitoral, pode ser obtido no site;

Cópias do CPF e RG autenticadas

Documento que comprove ocupação lícita

Cópia de um comprovante de residência - Conta de água, telefone ou luz recente.

Duas fotos 3x4

Exames e Declaração

- Realizar o Exame Psicológico com psicólogo credenciado junto à Polícia Federal mediante pagamento de taxa.

- Realizar o Exame de Capacidade Técnica com instrutor credenciado junto à Polícia Federal mediante pagamento da taxa.

- Declaração de não estar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal.

PARA FAZER A COMPRA E O REGISTRO DE ARMA NOVA, VOCÊ PRECISA:


- Ter mais de 25 anos
- Pagar no banco a taxa de R$ 60,00
- Apresentar todos os documentos exigidos acima na Polícia Federal junto com a taxa
- Obter a autorização de compra na Polícia Federal
- Apresentar a autorização de compra na loja onde efetuará a compra

Um rápido exame na lista acima desestimula qualquer um de exercer, por vias legais, o sagrado direito de adquirir as 6 armas que lhe são permitidas ter: até 2 curtas e até 4 longas. Imagina se o atirador de Realengo resolvesse que perpetraria os crimes usando uma arma comprada na lojas da esquina. Obviamente, estaria até hoje sem conseguir seu intento.

Na verdade, o que ele fez é o que o Estado não consegue coibir: recorreu ao mercado ilegal e obteve os instrumentos de sua louca matança dos jovens alunos da escola de Realengo.

Não há como impedir que um celerado invista contra inocentes, em qualquer ambiente, a qualquer hora. É possível, talvez, minimizar as chances de sucesso, montando toda uma estrutura de vigilância, prevenção e identificação de potenciais matadores. Nada, porém, é garantido. O Estado pode, contudo, trabalhar no sentido de reduzir o comércio ilegal, a entrada de armas contrabandeadas e fiscalizar melhor o armamento disponível no país. As pessoas de bem já estão desarmadas. O resto é demagogia.

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