"Dizem que ofendo as pessoas. É um erro. Trato as pessoas como adultas. Critico-as. É tão incumum isso na nossa imprensa que as pessoas acham que é ofensa. Crítica não é raiva. É crítica. Às vezes é estúpida. O leitor que julgue. Acho que quem ofende os outros é o jornalismo em cima do muro, que não quer contestar coisa alguma. Meu tom às vezes é sarcástico. Pode ser desagradável. Mas é, insisto, uma forma de respeito, ou, até, se quiserem, a irritação do amante rejeitado."
Paulo Francis
(Jornalista e escritor brasileiro, 2/9/1930 - 4/2/1997. Não tinha, nem tenho grande admiração pelo cara, mas gostava do jeito direto e incisivo com que ele falava e escrevia. )
Em sua autobiografia, Francis escreveu:
"Lamento as amizades reais que perdi, pois continuo gostando pessoalmente dos amigos afastados por divergências irreconciliáveis. Das gafes e crueldades públicas, ao menos, à parte a vergonha, aprendi que, antes de ditar regras sobre o irracionalismo do próximo, eu deveria examinar o meu próprio... Lamento não ter sido mais paciente e compreensivo em face de gente que não podia se defender da minha mão, língua, ou Smith-Corona elétrica. Reconheço: sou um cristão manqué, se fixaram em mim os aspectos fraternais da fé em que não posso racionalmente crer. Esse cristianismo, legado dos beneditinos e de alguns jesuítas, é um sonho. Acordei. Me pergunto se não era melhor continuar dormindo."
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