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O defensor da ministra

Em reportagem de 9000 toques (incluindo espaços) - no Word, isso dá quase 3 páginas - Gérson Camarotti, repórter da sucursal Brasília d'O Globo apresentou na versão On-line do jornalão um longo libelo sobre a defesa que a "cumpanhera" Dilma Roskoff fez do governo em relação às críticas contidas no artigo do ex-presidente FHC, publicado abaixo, que sequer chega a 6000.

O texto é uma apologia apaixonada da comissária Dilma, onde não faltaram expressões como "estava à vontade", "confiante", e "descontraída". Segundo Camarotti, a ministra foi "enfática", "foi aclamada", "ressaltou", "rebateu", "contestou", "ironizou", e creio que só não fez chover porque Brasília não aguentaria nada parecido com o que tem acontecido em São Paulo. E Camarotti não teria como atribuir a ela o fenômeno.

É esse tipo de jornalismo de terceira que eu falava outra dia. Aquele que faz parecer estar noticiando, enquanto tenta cooptar corações e mentes. Apresenta os fatos não apenas sem o cuidado de distanciar-se deles, mas com a tendência de um militante. É o que costumo chamar de "midia cumpanhera".

Não é preciso ter frequentado as aulas de ética jornalística para redigir com a imparcialidade que uma reportagem exige. Ele não estava escrevendo um artigo, e se deixou levar pela ideologia. O cara está ganhando dinheiro. É inadmissível que seja tão pouco objetivo, parcial e esqueça os preceitos fundamentais do jornalismo.

Isso não acontece por aqui. Um blog é regido pelos sentimentos do blogueiro, sua visão de mundo, convicções e vontades. Ele tem que dar satisfações à sua consciência, por isso mesmo, um blog é altamente opinativo, e quase não tem reportagens. Camarotti deitou por terra a sua própria credibilidade. Pra quem escreveu um livro "Memorial do escândalo", este, não há de passar despercebido. Pelo menos, não por mim.

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