Pular para o conteúdo principal

A farra das isenções fiscais

Um dos Estados mais prejudicados pela crise provocada pelo PT, e por seus próprios erros administrativos, o Rio agora busca uma solução pela linha dos aumentos de impostos e cortes de despesas, com ênfase na redução dos ganhos de servidores e na questão previdenciária. Outras medidas, de menor impacto, mas, importantes do ponto de vista da organização administrativa, extinguindo e/ou juntando secretarias (muitas criadas apenas para abrigar apaniguados), o corte de gratificações, além de acabar com programas de governo inoperantes, tentam formar uma base para diminuir a sangria que está levando o Estado à falência.

Segundo o vice-governador Francisco Dornelles o pacote de austeridade é inevitável: "Esse remédio amargo é o único caminho de conseguirmos a cura e restabelecer os compromissos do estado".

Há, no entanto, uma linha alternativa, não menos relevante para o equilíbrio das contas que consiste em rever a verdadeira farra que tem sido a concessão de benefícios fiscais. Nos últimos anos, conforme diversos estudos, inclusive do TCE, o Rio de Janeiro abriu mão de cerca de 180 bilhões de reais em arrecadação, e, ao que parece, não deixou nada no lugar para fazer frente ao que não foi recolhido aos cofres públicos.

A lista das 20 empresas mais beneficiadas com isenções é surreal, incluindo algumas das maiores do Rio como Celma, Thyssenkrupp, Ampla, Embratel, White Martins, P&G, CSN, CEDAE, Petrobras Distribuidora e outras, que, supõe-se, de tão grandes e fortes, não deveriam estar ali relacionadas. Chama a atenção, sobretudo, o valor que a CP-RJ Implantes Especializados Comércio e Importação Ltda abocanhou do governo do Estado: nada menos do que R$ 3,8 bilhões, menor apenas do que o concedido à Petrobras, que levou R$ 4,4 bilhões. A CP-RJ, que juntamente com a Imact-Rio Implantes e com a Duet Implantes, formam o grupo Imact-Rio, que atua na distribuição e comercialização de produtos médico-hospitalares é ou será alvo de investigação do MP-RJ, a fim de saber pra onde foi tanto dinheiro. Que contrapartidas e requisitos teria ela cumprido para merecer tal volume de recursos?

Está muito claro que os resultados produzidos pelo crescimento desordenado deste importante instrumento de fomento mais do que justifica a sua imediata suspensão e revisão.

O gráfico abaixo mostra o comportamento da renúncia fiscal do Estado no período 2008-2013.


Conforme o Ministério Público Estadual, em ação civil pública impetrada na semana passada, que obteve determinação judicial de proibir a concessão de novos incentivos fiscais, "a maioria das isenções tributárias concedidas pelos governos Cabral e Pezão não foi autorizada pelo Confaz, além de não estarem previstas de forma clara na legislação orçamentária ou acompanhadas de medidas compensatórias, como aumento de receita proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição".

A situação financeira calamitosa do Estado do Rio de Janeiro se reflete na prestação de serviços, no pagamento de fornecedores e servidores, e na capacidade de investimento, causando inúmeros prejuízos à população e ao próprio Governo. Com certeza, o volume astronômico de valores a que se renunciou está fazendo falta ao caixa. A isenção, prorrogação ou suspensão fiscal deveria ser uma medida que não provocaria danos ao erário. Resta, portanto, não apenas estancar a perda de arrecadação, mas, rever o que foi feito para tentar obter de volta o que não deveria ter se perdido.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Com corona ou sem corona, dia 15, eu vou!

Em tempos de corona virus, pode parecer estranho, mas, fica mais importante ainda comparecer à manifestação do próximo dia 15. Contra as tentativas sórdidas de congressistas de alto coturno, jornalistas militantes e parte do judiciário, de usurpar poderes, prejudicar ações, e evitar que governe conforme o mandato que lhe concederam, é preciso demonstrar de forma cristalina que o presidente está, cada vez mais, com apoio popular, e que o desejo de que prossiga com as reformas do Estado, o combate à corrupção e à esquerda tacanha, gananciosa e cretina continua firme e forte. O sistema de governo é presidencialista, e isso já foi decidido há mais de 25 anos, quando se jogou uma montanha de dinheiro fora pra oficializar o que todo mundo sabia. É, portanto, intolerável que um presidente eleito, ainda que pairem dúvidas sobre a lisura do pleito, não consiga dar um passo sem que membros vetustos e caquéticos do STF não só opinem como trabalhem contra ele. Que a imprensa a tudo critiqu...

História do Filho da Puta

John Frederick Herring (1795 - 1865) foi um conhecido pintor de cenas esportivas e equinas, na Inglaterra. Em 1836, o autor do famoso quadro "Pharaoh's Charriot Horses", avaliado em mais de $500.000, acrescentou "SR" (Senior) à assinatura que apunha em seus quadros por causa da crescente fama de seu filho, então adolescente, que se notabilizou nessa mesma área. Apesar de nunca ter alcançado um valor tão elevado, um outro de seus quadros tem uma história bastante pitoresca. Em 1815, com apenas 20 anos, Herring, o pai, como era tradição, imortalizou em um quadro a óleo o cavalo ganhador do St Leger Stakes, em Doncaster, na Inglaterra. Até aí, nada de mais. A grande surpresa é o nome do animal: Filho da Puta! É isso mesmo. Filho da puta. Há pelo menos três versões sobre a origem desse estranho nome. A que parece mais plausível (e também a mais curiosa), dá conta que o embaixador português na Inglaterra, à época, era apaixonado por turfe e também por uma viúva com q...

Ibsen - inimigo nº 1 do Rio

Separados no nascimento O deputado Ibsen Pinheiro acaba de se tornar o inimigo público número 1 do Rio de Janeiro. Além de aprovar um projeto estapafúrdio, repleto de inconstitucionalidades, apareceu no Jornal Nacional declarando que os cariocas não sabem o que fazem. De uma só tacada desqualificou o protesto contra a emenda que ontem reuniu, segundo a PM, mais de 150 mil pessoas no centro do Rio, comparando-o à passeata dos cem mil, e ainda desancou os cariocas, prevendo que ficaremos sem nada. Em primeiro lugar, Ibsen comete uma imbecilidade histórica: a Passeata dos Cem Mil não foi de apoio à revolução de 64, como sugeriu, e sim, contra o governo militar, tendo sido organizada em 68, pelo movimento estudantil, com apoio de artistas, intelectuais (eu detesto essa classificação. Afinal, você conhece alguém que se identifica como intelectual? "Prazer, sou um intelectual". Que imbecilidade!) e setores da sociedade. O gaúcho idiota, que já teve o mandato injustamente cassado e...