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Articulado pelo atual prefeito, Fernando Pimentel, e o governador Aécio Neves, PSDB e PT estão prestes a celebrar acordo para as próximas eleições municipais na capital mineira. Ungirão o secretário de desenvolvimento, Marcio Lacerda (PSB), que foi assessor de Ciro Gomes. Pelo visto, toda essa divergência, toda essa briga que assistimos diuturnamente nos jornais e revistas é, rigorosamente, da boca pra fora. Essas ligações espúrias revelam que vivemos um momento surreal na política brasileira: não importam o passado, os vínculos, o pensamento ou o que isso contrarie a identidade partidária, se é pra ganhar, a exemplo do que o Gardelon - antigo personagem de Jô Soares - preconizava : "fazemos qualquer negócio".

Alguns amigos já declararam que anularão seus votos nas próximas eleições. A despeito de tudo que tenho presenciado não creio que esse seja o caminho. Parafraseando o ex-ministro e Senador Cristóvam Buarque, precisamos de mais e mais educação. Só a universalização da educação dará um basta nessa "baixa política". A partir da educação aumenta o espírito crítico, reduzem as fragilidades, melhoram as escolhas. O Brasil necessita de um banho de cultura. É o único caminho para que o povo não seja enganado por esses bonapartes de ocasião. O processo é lento, mas no final compensa. Por que acham que este governo tem feito tão pouco pelo ensino básico? Por que inverteu prioridades, estimulou conflitos que até então não existiam, concedeu privilégios irresponsavelmente? Porque a eles não interessa um povo com independência de pensamento. Porque a soma de ignorância com messianismo é igual a eleição garantida. E ademais, como manobrar quem compreende o absurdo de seu discurso e a pobreza de suas idéias e argumentos?

Vou votar. Ainda não escolhi o candidato. O quadro da disputa, como acontece no Rio nos últimos 40 anos, é exageradamente pobre. Na falta de coisa melhor, apesar de um passado com um pé no terrorismo, o Gabeira parece ser o que reúne mais condições de mudar esse marasmo de idéias e pobreza de soluções. Aguardarei um pouco mais. Não quero me juntar aos que vão desperdiçar o voto para não se comprometer. Não ignoro, porém, que pode ser que não exista opção.

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