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Um STF acovardado

Os ministros do STF, atendendo um pleito de próceres da República, jogaram um pombo sem asa em nossos telhados. Não pode ser outra a conclusão, depois da esdrúxula e curiosa decisão do plenário da Corte Suprema de manter Renan Calheiros na presidência, afastando-o apenas da linha sucessória, a despeito de ter se tornado réu e da quantidade de processos a que responde, no próprio STF.

Para aquelas cabeças coroadas, que decidiram de outra forma quando se tratava de Eduardo Cunha, um réu pode presidir uma Casa Legislativa, sem o menor problema. Liberam-no para agir contra seus acusadores, e para frustrar a acusação. Acumpliciam-se, assim, com o que existe de pior na política brasileira, trabalhando para tornar o ambiente ainda mais nauseabundo do que já se encontra.

Um dos piores legados da malfadada era Lula é essa mixórdia institucional, onde se desconhecem limites, manobras são feitas para contornar a Lei, decisões casuísticas encobrem a proteção de interesses e se procura criar um contexto de falta de parâmetros, de modo a confundir a opinião pública, que começa a deixar de saber o que é certo e o que é errado. 

Num lugar onde tudo pode, como quer o petismo, solapam-se regras de convivência, corrompem-se preceitos institucionais, e a própria Carta Magna, despudoradamente é conspurcada, por quem deveria ser o principal guardião. Ou não foi Ricardo Lewandovski quem, na cara do povo, nas dependências do Senado, em rede nacional, rasgou a Constituição, aprovando a manutenção de direitos políticos da impichada Dilma?

A alternativa a Renan não poderia ser de pior estirpe, no entanto, é um absurdo que o STF se preste ao papel de mudar o curso natural das coisas para atender ao governante de ocasião. Os poderes devem ser harmônicos e decidir em conjunto, sim, mas respeitando o interesse do país e a legislação vigente. Assistimos a uma acochambração, um arranjo de última hora, à guisa de garantir a governabilidade e continuidade dos projetos do governo. Isso não passa de um acinte, um desrespeito e uma desonra para a Suprema Corte, que se curva, a ponto de, como dizem os irmãos portugueses, aparecerem-lhe as vergonhas.

Vivemos tempos difíceis, onde impera o improviso e a vontade de quem fala mais alto. É por isso que tem muita gente defendendo a intervenção militar. Ainda bem que, escaldados, eles não pretendem sair dos quartéis, a não ser que queiram tocar fogo em tudo, como anda querendo a esquerda revanchista, frustada e ditatorial. Esses, devem botar as barbas de molho. A hora de fazê-los acordar pra realidade está chegando.

Ah, só pra lembrar: um pombo sem asa era um embrulho de fezes em jornal arremessado aos telhados no início do séc.xx por estudantes e outros moradores de pensões e repúblicas e que eventualmente rolavam até as ruas : "cuidado com os pombos sem asa!" era advertência comum aos que saíam ao entardecer, horário em que as ocorrências eram mais frequentes. Foi ou não, o que essa gente fez com os brasileiros?

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