Foi até engraçado ver os(as) repórteres da Globo, depois de toda a publicidade em torno da operação de ocupação da Rocinha, ostentarem grossos coletes à prova de bala, daqueles que se usa somente em zona de guerra, como modo de evitar, por exemplo, um incidente como o ocorrido com o destemido cinegrafista da Band, abatido por um tiro de fuzil, em meio a um tiroteio com o BOPE, dias antes, na favela de Antares, zona oeste do Rio.
Nada contra os profissionais se protegerem, mas, convenhamos, alguém realmente acredita que, com a musculatura exibida pelas forças de ocupação, haveria algum tipo de resistência por parte da bandidagem? É querer fazer troça da nossa inteligência, não é mesmo? Bandido pode ser tudo, menos burro! E não bastasse isso, com o anúncio da "retomada do território", quem ficou pra fazer frente aos tanques e armamento pesado levados pro morro pela PM, exército, marinha e etc? Nem os soldadinhos do tráfico! Esses, foram obrigados pelos chefes a fazer pelo menos uma pequena demonstração de contrariedade, montando frágeis barreiras e jogando óleo nas ladeiras, e foi só! Só pra ter o que filmar e sair nas manchetes. Chegou a ser cômico, bucólico, patético!
Tudo que existe(ia) na Rocinha é do conhecimento público. A polícia, melhor que ninguém, sabe(ia). Tanto é assim que, casas, paiois, esconderijos e todo o resto "descoberto" já estava mapeado e foi só ir buscar. E não é só localização que era sabido. Também nomes estavam e estão relacionados e devidamente identificados, com endereço, e, principalmente, telefone. Este grupo não foi, todo, recolhido antes da tomada porque..., bem, sei lá...Quem tem que explicar isso não sou eu.
Sei não, talvez, os policiais de Maricá possam esclarecer isto melhor, bem como, o que se passou na prisão do Nem, que o sub-chefe operacional da Polícia Civil, que os comandava na empreitada, também tem plena consciência. Beltrame disse que nada sabia a respeito do que eles faziam no local da prisão do Nem, mas, que buscaria dar transparencia ao caso. Como bom policial, ele tocou em um ponto importante, a separar a prisão da ocupação - a cronologia dos fatos. Penso que será fundamental para a elucidação. Enquanto isso, o "criterioso" Cabral está deixando a matéria na órbita do assessor. O noticiário roçou o tema, mas mantém-se, no mínimo, discreto a respeito. Ninguém repetiu a pergunta ao secretário e nem se tem uma noção de quando o Estado vai se manifestar sobre o assunto.
Não há dúvida que existe um véu obscurecendo esta estória. Esperemos que ele seja desnudado, o mais breve possível. Não podemos continuar com a impressão que aí tem alguma coisa, digamos, esquisita. Afinal, também não dá pra desprezar tudo...
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