Pular para o conteúdo principal

Sinais de emburrecimento das universidades brasileiras

O notável emburrecimento causado pela sanha ideológica progressista por mais contraditório que seja, tem partido dos ambientes acadêmicos, ou seja, de áreas de produção e de disseminação do saber, em especial, do departamento de humanidades. Como exemplo, evocou-se num “daqueles” seminários apresentados na turma de sociais, a situação precária do sistema prisional brasileiro, sobretudo o feminino. A ideia de que é preciso unir esforços para melhorar as condições sub-humanas e dar “dignidade às detentas”, sem dúvida pode e deve ser pensada com o intuito de não fazer com que o ambiente carcerário, seja uma escola de aprimoramento da prática criminal.

Contudo, o que causa certo estranhamento é o fato de a academia brasileira estar quase toda fechada em relação a apenas tratar o efeito e não a causa dos problemas sociais contemporâneos, principalmente, quando se trata da garantia de direitos de contraventores, sejam eles quem for.

Gastam tanto tempo falando sobre as condições do sistema prisional brasileiro que, obviamente, são péssimas [até porque se a saúde, a segurança e a educação no Brasil estão uma lástima, imagine como é a prisão da sua cidade?]. Entretanto, esquecem-se dos motivos que têm levado bandidos à prisão. A lista é enorme: roubos, assassinatos, tráficos, corrupção, estupros, vandalismos, etc. Tal esquecimento se dá por suas mentes serem entorpecidas pelas ideias de “salvadores da humanidade” impetradas por professores do ensino médio e superior. Ideias estas que, com uma roupagem de heroísmo, escondem em sua essência a busca pela legitimação de maus desejos e ações infames, típicas da natureza degradada do ser humano.

A neutralização da capacidade cognitiva por ideologias nefastas é tamanha que resulta no alheamento das vítimas que os bandidos(as) têm feito aos montes, deixando pais sem filhos, filhos sem pais e assim por diante. Este devaneio acadêmico, exemplificado na defesa e luta pelos direitos dos bandidos poderia começar a ser repensado a partir de uma simples proposição que pouparia tempo, dinheiro e debates alienados: “não cometer crimes!” A fórmula mágica para cortar este mal pela raiz reside, simplesmente, no cumprimento de deveres como: não matar, não roubar, não estuprar, não violar o direito alheio, não depredar patrimônio público (a lista é grande).

Fica evidente que muitas questões sociais devem ser resolvidas de imediato, assim como há outras que devem ser resolvidas a médio e longo prazo. Dar o mínimo de dignidade a alguém que teve a privação da sua liberdade [com razão, é claro] pode ser um caminho para a obtenção dos tais “direitos humanos” [cá para nós, um dos assuntos preferidos da área de humanidades]. Entretanto, numa escala de prioridades, jamais conseguiremos avançar como nação enquanto atacarmos a superfície dos problemas e não os seus fundamentos. Jamais resolveremos os problemas sociais de nossa nação enquanto vivermos com a imagem invertida da realidade, assim como falou Marx ao se referir à religião[1]. Pena que, tanto ele quanto seus adeptos adotaram para si tal imagem invertida da realidade no que concerne às questões sociais.

Igualmente, jamais escaparemos da violência institucionalizada[2] que a todo o momento espreitam nossas famílias à medida que, nos ambientes de produção de conhecimento (escolas e universidades), a prioridade da discussão e da resolução dos problemas seja (como exposto acima) a condição do sistema prisional, ao invés das condições que levam os bandidos a cometerem seus crimes. Bandidos estes que, por sinal, não caíram de paraquedas no cárcere. Estão lá porque causaram danos e violaram os direitos de seus pares. Como então priorizar a garantia de direitos a bandidos que não se importam com o direito de suas vítimas?

Ainda sobre garantia de direitos, no filme O Jardim das Aflições, recentemente lançado no Brasil, Olavo de Carvalho comenta um trecho do livro L’Enracinement, de Simone Weil, que diz “um direito não é nada senão a obrigação de alguém mais”. A impressão que se tem dos apelos acadêmicos a favor de bandidos, encarcerados ou não, é a de que seus direitos devem ser garantidos ou ampliados à custa das obrigações de suas próprias vítimas. Uma insana inversão da realidade, do tipo: “o bandido tem o direito de roubar e a vítima a obrigação de ser roubada”. Ou ainda: “o direito do bandido parte da obrigação do Estado em detrimento do direito da vítima ou de seus familiares”. Mais do que direitos, uma sociedade deve se atentar aos seus deveres para mantença da boa civilidade, da ordem e do verdadeiro progresso.

Diante disso, como não detectar um emburrecimento high level de professores e alunos, fruto de consciências entorpecidas pelo veneno ideológico “progressista” distribuído em doses cavalares na academia brasileira? Pois bem, acredite se quiser, este veneno é tomado com muito gosto por grande parte dos universitários de todo o Brasil simplesmente porque, no rótulo da embalagem, consta a seguinte dissimulação: “indicado para os defensores dos fracos e oprimidos”. Mal sabem eles que ao tomarem esta droga cumprem uma agenda globalista totalitarista que se resume no “quanto pior melhor”, privilegiando direitos e negando deveres, cuja finalidade nem de perto passa pela solução dos problemas sociais recorrentes em nossa nação.

E viva academia brasileira! Fábrica de “heróis descerebrados”!

[1] Karl Marx em seu livro O Capital diz que a religião corresponde a um mundo nebuloso, onde os produtos do cérebro humano parecem dotados de vida própria, figuras autônomas, que mantém relações entre si e com os homens.

[2] Chamo de violência institucionalizada aquela que é incentivada, de forma sorrateira e branda, pelos meios de cultura (escolas e universidades) e organizações políticas, a fim de atingir ideais escusos de apoiados na revolução politico cultural.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Voltando devagar

Dois anos depois, senti vontade de voltar a escrever. Já havia perdido um bocado do entusiasmo, me sentindo incapaz de produzir algo interessante, que valha a pena ser lido, sentimento que pouco mudou. O que mudou foi o jeito como estou começando a ver as coisas. Outro dia, li algo que me chamou a atenção, tipo: "A arte não é para o artista mais do que a água é para o encanador”. E continuava, "Não, a arte é para quem a absorve, mesmo que o artista nem sempre tenha plena consciência do quanto isso é verdade. Pois sim, na verdade, a maioria dos artistas que ainda decidimos considerar entre “os grandes” estavam fazendo isso para fins em grande parte masturbatórios, em oposição à pura motivação de “querer criar algo para os outros." Aparentemente, trata-se de uma fala de um personagem de filme. Ainda estou por checar. Definitivamente, o que faço aqui não é arte, não tenho essa pretensão, no entanto, essa é sem dúvida uma questão estranha sobre a arte como um conceito, que a...

Perda irreparável

Na terça-feira passada, 17, fui surpreendido com uma das piores notícias da minha vida - um dos amigos que mais gosto, um por quem tenho enorme admiração, um irmão que a vida me deu, havia deixado este mundo. A notícia não dava margem a dúvidas. Era um cartão, um convite para o velório e cremação no dia seguinte. Não tinha opção, a não ser tentar digerir aquela trágica informação. Confesso que nunca imaginei que esta cena pudesse acontecer. Nunca me vi  nesta situação, ainda mais em se tratando do Sylvio. A chei que  ele estaria aqui pra sempre. Que todos partiriam, inclusive eu, e ele aqui ficaria até  quando ele próprio resolvesse que chegar a hora de descansar. Ele era assim,  não convencional e suspeitei que, como sempre fez, resolveria também  essa questão. Hoje em dia, com a divisão ideológica vigente e as mudanças nos códigos  de conduta, poucos diriam dele: que cara maneiro! M esmo os que se surpreendiam ou não gostavam de algumas de suas facetas, c...

História do Filho da Puta

John Frederick Herring (1795 - 1865) foi um conhecido pintor de cenas esportivas e equinas, na Inglaterra. Em 1836, o autor do famoso quadro "Pharaoh's Charriot Horses", avaliado em mais de $500.000, acrescentou "SR" (Senior) à assinatura que apunha em seus quadros por causa da crescente fama de seu filho, então adolescente, que se notabilizou nessa mesma área. Apesar de nunca ter alcançado um valor tão elevado, um outro de seus quadros tem uma história bastante pitoresca. Em 1815, com apenas 20 anos, Herring, o pai, como era tradição, imortalizou em um quadro a óleo o cavalo ganhador do St Leger Stakes, em Doncaster, na Inglaterra. Até aí, nada de mais. A grande surpresa é o nome do animal: Filho da Puta! É isso mesmo. Filho da puta. Há pelo menos três versões sobre a origem desse estranho nome. A que parece mais plausível (e também a mais curiosa), dá conta que o embaixador português na Inglaterra, à época, era apaixonado por turfe e também por uma viúva com q...