por Mario Vitor Rodrigues, escritor
Se me fosse concedida a chance, aconselharia aos brasileiros que anotassem com muito zelo duas datas para a posteridade: 26/10/2014 e 17/04/2016. Desta forma, quando suas memórias já estivessem carcomidas pelo tempo, consultas ainda possibilitariam contemplar ajuizadamente a saga dantesca que se encerra hoje.
A primeira marca a reeleição de Dilma Rousseff, enquanto a segunda coroa o derradeiro desabafo de um país há 14 meses atônito, na prática imobilizado pelos seguidos escândalos de corrupção, sem falar nas decorrentes crises ética, política, e econômica, as mais graves em sua história.
Às vésperas do segundo julgamento na Câmara dos Deputados de um presidente democraticamente eleito em 25 anos, eis que o país não se esquiva do frisson, mas vive com intensidade absoluta a expectativa cada vez maior por um desfecho que o liberte do estupor.
Assim, deixando de lado propagandas e falsos alaridos de parte a parte, as projeções inevitavelmente acabam toureando o ambiente, provocando excitação entre aqueles esperançosos na punição de Dilma, e desânimo por parte dos governistas e militantes de esquerda. Não é para menos.
Se levarmos em conta o cenário indicado pelas projeções de dois dos maiores jornais do país - O Globo e O Estado de São Paulo - o governo petista não apenas será destituído, mas em momento algum, durante a votação de hoje, amealhará motivos que corroborem o desafiante otimismo que teimam em esbanjar.
Logo de saída, por exemplo, não poderá ser mais sintomático o placar em Roraima, estado designado a iniciar a votação: 7 a 1 em favor do SIM.
A partir de então, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, mesmo intercalados, somente tornarão mais difícil a sobrevida do atual mandato presidencial, e quando Amazonas, Rondônia e Goiás já tiverem votado, tudo indica que o volume de votos favoráveis ao impeachment será quatro vezes maior em comparação ao de seus detratores.
Tal proporção diminuirá quando chegar a vez de São Paulo, mas, convenhamos, o triplo continua sendo uma vantagem confortável, e o alardeado efeito cascata, motivo de celeuma por conta do efeito que poderia causar nos deputados indecisos, finalmente poderá ser comprovado.
Ainda segundo as projeções, caberá a algum parlamentar de Minas o voto que ultrapassará a barreira das três centenas, e então muito provavelmente a balbúrdia já terá tomado conta da Casa, como o episódio Collor de Mello nos ensinou.
Ironia das ironias, o voto que promete determinar o fim da era petista deve mesmo sair de Pernambuco ou da Bahia. Em resumo, caberá ao Nordeste, há décadas cantado em verso e prosa como celeiro de votos petistas, o fardo de impedir a presidente. Melhor dizendo, a honra.
A impopularidade e a fragilidade política do governo Dilma impressionam, porém nada resume melhor a sua esqualidez moral, quero dizer, a esqualidez moral do PT, do que as grotescas propostas feitas a parlamentares em troca de apoio contra o impeachment.
Esqueçamos emendas parlamentares, falo aqui de milhões provenientes de restos a pagar dos orçamentos de 2014 e 2015. Falo aqui, por exemplo, de uma oferta de 6 milhões de reais a um parlamentar. Exato, meia dúzia. Por um voto.
Dilma está descontrolada, assim como Lula e o Partido dos Trabalhadores. Jamais imaginaram sua azeitada máquina de fazer dinheiro, um tal de Brasil, de uma hora para outra disposta a cobrar anos de lavagem cerebral, disparates fiscais, e falcatruas financeiras destinadas a falsear a democracia para eternizá-los no poder.
Tem razão quem aposta em um Brasil pouco diferente sem o PT no poder. De fato, pelo menos em um primeiro momento, não deixaremos de ser uma nação refém de seus próprios algozes. E basta ver a quantidade de pessoas que ainda levam Marina Silva a sério para constatar este fato.
Mas first things first, como gostam de dizer os gringos. Se o simples afastamento do PT não será capaz de fazer o país mudar, sua continuidade tornaria esta tarefa impossível.
Que o impedimento de Dilma, e por conseguinte a libertação desta torpe ditadura de esquerda, sirva de aprendizado para todos nós. Não podemos mais nos permitir certas escolhas.
E que seja um marco, o início de uma nova era, que tenhamos adquirido o hábito de prestar mais atenção ao nosso próprio destino, dispensando todo apoio possível aos vários Moros e Deltans Brasil a fora.
O futuro não será fácil, o debate político está apenas começando, felizmente muita sujeira ainda resta para ser descoberta, e o estrago na economia levará tempo para ser recuperado.
Tudo bem, mas hoje é dia de festa.
Se me fosse concedida a chance, aconselharia aos brasileiros que anotassem com muito zelo duas datas para a posteridade: 26/10/2014 e 17/04/2016. Desta forma, quando suas memórias já estivessem carcomidas pelo tempo, consultas ainda possibilitariam contemplar ajuizadamente a saga dantesca que se encerra hoje.
A primeira marca a reeleição de Dilma Rousseff, enquanto a segunda coroa o derradeiro desabafo de um país há 14 meses atônito, na prática imobilizado pelos seguidos escândalos de corrupção, sem falar nas decorrentes crises ética, política, e econômica, as mais graves em sua história.
Às vésperas do segundo julgamento na Câmara dos Deputados de um presidente democraticamente eleito em 25 anos, eis que o país não se esquiva do frisson, mas vive com intensidade absoluta a expectativa cada vez maior por um desfecho que o liberte do estupor.
Assim, deixando de lado propagandas e falsos alaridos de parte a parte, as projeções inevitavelmente acabam toureando o ambiente, provocando excitação entre aqueles esperançosos na punição de Dilma, e desânimo por parte dos governistas e militantes de esquerda. Não é para menos.
Se levarmos em conta o cenário indicado pelas projeções de dois dos maiores jornais do país - O Globo e O Estado de São Paulo - o governo petista não apenas será destituído, mas em momento algum, durante a votação de hoje, amealhará motivos que corroborem o desafiante otimismo que teimam em esbanjar.
Logo de saída, por exemplo, não poderá ser mais sintomático o placar em Roraima, estado designado a iniciar a votação: 7 a 1 em favor do SIM.
A partir de então, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, mesmo intercalados, somente tornarão mais difícil a sobrevida do atual mandato presidencial, e quando Amazonas, Rondônia e Goiás já tiverem votado, tudo indica que o volume de votos favoráveis ao impeachment será quatro vezes maior em comparação ao de seus detratores.
Tal proporção diminuirá quando chegar a vez de São Paulo, mas, convenhamos, o triplo continua sendo uma vantagem confortável, e o alardeado efeito cascata, motivo de celeuma por conta do efeito que poderia causar nos deputados indecisos, finalmente poderá ser comprovado.
Ainda segundo as projeções, caberá a algum parlamentar de Minas o voto que ultrapassará a barreira das três centenas, e então muito provavelmente a balbúrdia já terá tomado conta da Casa, como o episódio Collor de Mello nos ensinou.
Ironia das ironias, o voto que promete determinar o fim da era petista deve mesmo sair de Pernambuco ou da Bahia. Em resumo, caberá ao Nordeste, há décadas cantado em verso e prosa como celeiro de votos petistas, o fardo de impedir a presidente. Melhor dizendo, a honra.
A impopularidade e a fragilidade política do governo Dilma impressionam, porém nada resume melhor a sua esqualidez moral, quero dizer, a esqualidez moral do PT, do que as grotescas propostas feitas a parlamentares em troca de apoio contra o impeachment.
Esqueçamos emendas parlamentares, falo aqui de milhões provenientes de restos a pagar dos orçamentos de 2014 e 2015. Falo aqui, por exemplo, de uma oferta de 6 milhões de reais a um parlamentar. Exato, meia dúzia. Por um voto.
Dilma está descontrolada, assim como Lula e o Partido dos Trabalhadores. Jamais imaginaram sua azeitada máquina de fazer dinheiro, um tal de Brasil, de uma hora para outra disposta a cobrar anos de lavagem cerebral, disparates fiscais, e falcatruas financeiras destinadas a falsear a democracia para eternizá-los no poder.
Tem razão quem aposta em um Brasil pouco diferente sem o PT no poder. De fato, pelo menos em um primeiro momento, não deixaremos de ser uma nação refém de seus próprios algozes. E basta ver a quantidade de pessoas que ainda levam Marina Silva a sério para constatar este fato.
Mas first things first, como gostam de dizer os gringos. Se o simples afastamento do PT não será capaz de fazer o país mudar, sua continuidade tornaria esta tarefa impossível.
Que o impedimento de Dilma, e por conseguinte a libertação desta torpe ditadura de esquerda, sirva de aprendizado para todos nós. Não podemos mais nos permitir certas escolhas.
E que seja um marco, o início de uma nova era, que tenhamos adquirido o hábito de prestar mais atenção ao nosso próprio destino, dispensando todo apoio possível aos vários Moros e Deltans Brasil a fora.
O futuro não será fácil, o debate político está apenas começando, felizmente muita sujeira ainda resta para ser descoberta, e o estrago na economia levará tempo para ser recuperado.
Tudo bem, mas hoje é dia de festa.
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