Pular para o conteúdo principal

Rumo à alternância de poder

por Merval Pereira

O PT está indelevelmente ligado à corrupção, depois do mensalão e do petrolão. As manifestações de ontem foram, sobretudo, contra a continuidade do PT no governo, e a ampliação do alcance dos gritos de “Fora Dilma” indica muito mais a inconformidade de um eleitorado que foi enganado na campanha eleitoral do que uma tentativa golpista.

Se fossemos um país parlamentarista, o governo já teria sido derrubado. A maioria no Congresso existe apenas no papel, pois em todas as votações recentes o governo tem sido minoritário, mesmo quando consegue evitar que os vetos da presidente Dilma sejam derrubados.

Se a eleição presidencial fosse realizada hoje, Dilma não seria reeleita, apontam as pesquisas de opinião, que lhe dão também um apoio de apenas 7% da população. Se a percepção generalizada valesse, o Congresso teria condições de aprovar o impeachment, por que a maioria da população está convencida de que a presidente Dilma sabia o que estava acontecendo na Petrobras, mesmo que não tenha se beneficiado como pessoa física do dinheiro desviado.

Mas se beneficiou politicamente, desde a eleição de 2010. Como somos presidencialistas, até que se prove que a presidente Dilma sabia o que estava acontecendo, não há condições técnicas nem políticas para o processo de impeachment.

Mas a presidente já perdeu a legitimidade para governar, está desacreditada pela maioria da população, pois é generalizada a sensação de que desde que os partidos políticos passaram a nomear os diretores da Petrobras, quando ela era ministra das Minas e Energia, instalou-se oficiosamente na estatal sob a sua subordinação um esquema corrupto que agora está sendo revelado na Operação Lava-Jato.

Isso no governo Lula que marca, segundo o gerente Pedro Barusco, o momento em que a corrupção passou a ser institucionalizada na Petrobras, como parte de um projeto político de manutenção do poder.

Para recuperar a legitimidade política, teria que se reinventar, ser uma outra Dilma, o que parece impossível. Anunciar novos pacotes só vai aumentar a irritação do povo, enquanto a inflação alta e o crescimento negativo vão corroendo o poder de compra do cidadão.

Sendo assim, continuará governando, pois foi eleita legalmente, em meio a crises políticas e econômicas cada vez mais graves até que a eleição presidencial de 2018 permita a alternância de poder que por pouco não se deu em 2014 e é uma das bases da democracia. Isso se as investigações da Operação Lava-Jato não chegarem às provas contra ela antes da próxima eleição presidencial, ou se não perder as condições políticas de ficar à frente do governo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Com corona ou sem corona, dia 15, eu vou!

Em tempos de corona virus, pode parecer estranho, mas, fica mais importante ainda comparecer à manifestação do próximo dia 15. Contra as tentativas sórdidas de congressistas de alto coturno, jornalistas militantes e parte do judiciário, de usurpar poderes, prejudicar ações, e evitar que governe conforme o mandato que lhe concederam, é preciso demonstrar de forma cristalina que o presidente está, cada vez mais, com apoio popular, e que o desejo de que prossiga com as reformas do Estado, o combate à corrupção e à esquerda tacanha, gananciosa e cretina continua firme e forte. O sistema de governo é presidencialista, e isso já foi decidido há mais de 25 anos, quando se jogou uma montanha de dinheiro fora pra oficializar o que todo mundo sabia. É, portanto, intolerável que um presidente eleito, ainda que pairem dúvidas sobre a lisura do pleito, não consiga dar um passo sem que membros vetustos e caquéticos do STF não só opinem como trabalhem contra ele. Que a imprensa a tudo critiqu

Esposa de aluguel - quem quer?

Gaby Fontenelle, assistente de palco de Rodrigo Faro, no "Melhor do Brasil". No programa, Gaby encarna a personagem "Esposa de aluguel". Grande idéia! Quem não quer uma morena espetacular com essa fazendo todas as suas vontades?

Perda irreparável

Na terça-feira passada, 17, fui surpreendido com uma das piores notícias da minha vida - um dos amigos que mais gosto, um por quem tenho enorme admiração, um irmão que a vida me deu, havia deixado este mundo. A notícia não dava margem a dúvidas. Era um cartão, um convite para o velório e cremação no dia seguinte. Não tinha opção, a não ser tentar digerir aquela trágica informação. Confesso que nunca imaginei que esta cena pudesse acontecer. Nunca me vi  nesta situação, ainda mais em se tratando do Sylvio. A chei que  ele estaria aqui pra sempre. Que todos partiriam, inclusive eu, e ele aqui ficaria até  quando ele próprio resolvesse que chegar a hora de descansar. Ele era assim,  não convencional e suspeitei que, como sempre fez, resolveria também  essa questão. Hoje em dia, com a divisão ideológica vigente e as mudanças nos códigos  de conduta, poucos diriam dele: que cara maneiro! M esmo os que se surpreendiam ou não gostavam de algumas de suas facetas, contudo, tinham essa opinião.