Pular para o conteúdo principal

A culpa é da Dilma


Alfredo Nascimento (PR, ex dos Transportes), Wagner Rossi (PMDB, ex da Agricultura) e Orlando Silva (PC do B, ex do Esporte) foram defenestrados por suspeita de desvio de recursos para seus respectivos partidos e porque o propinoduto era operado por ONGs.

Antonio Palocci, ex-Chefe da Casa Civil e o primeiro da fila, foi acusado de enriquecimento ilícito. Pedro Novais (PMDB, ex do Turismo) foi acusado de fazer uso de verbas públicas em benefício próprio. Já o Lupinóquio, o tal "pesadão", saiu porque reunia disso tudo um pouco.

O tiro de misericórdia em Lupi foi dado pela Folha de SP, mostrando que o ministro teria sido "funcionário fantasma" da Câmara dos Deputados e teria acumulado cargos de maneira irregular, como assessor parlamentar em mais de um órgão público, o que constitui CRIME.

Para não parecer pautada por ninguém, e não tendo percebido que a faxina que a imprensa vem fazendo lhe era benéfica, desta vez, a Dilma saiu bem mal na foto, apesar da cobertura de teflon que herdou do Apedeuta. O cacife que ela adquiriu antes, foi, provavelmente, todo gasto agora. Será difícil despegar a imagem de tolerante com malfeitos, leniente com aliados corruptos, descuidada com a coisa pública.

Embora esta não seja a minha especialidade, não creio que precise ter grande saber jurídico para classificar o comportamento da presidente como um caso típico de infração da Lei de Responsabilidade. O artigo 9º, item 3, da referida Lei, prescreve: "são crimes de responsabilidade contra a probidade na administração, não tornar efetiva a responsabilidade dos seus subordinados, quando manifesta em delitos ou prática de atos contrários à Constituição".

Manter Lupi no cargo, ainda que sangrando feito touro em arena, claramente, pode ser visto como atentatório contra o citado artigo. À causa das denúncias se junta outro crime de responsabilidade, deste mesmo ex-ministro, previsto no artigo 13, item 4, onde está dito que constitui crime  "prestar informações a qualquer casa do Congresso com falsidade".

Ninguém ignora, muito menos a presidente, que Lupi mentiu, DESCARADAMENTE, em seu depoimento no Senado Federal. MENTIU, DESPUDORADAMENTE, com a cara mais lavada. E ainda se deu ao luxo de, descuidadamente, simular um lapso de memória, recorrendo a um papel, num desempenho de ator de quinta categoria, quando perguntado se conhecia o empresário ONGueiro, Adair Meira, cujo avião serviu-lhe em uma viagem. O próprio Adair desmentiu o (finalmente) ex-ministro afirmando que não só estava no avião com Lupi, como o "esquecidão" jantou na casa dele. Só este fato basta para enquadrar a ambos, ex-ministro e a presidente, na Lei de Responsabilidades. As provas estão em todos os jornais do País, sobejamente documentadas, e levaram o Conselho de Ética a recomendar a saída de Lupi.

Como por aqui existem leis feitas para não ser cumpridas, Dilma sobreviverá a mais esta estripulia. Ela não deve esquecer, porém, que já tem mais dois ministros balançando: Mário Negromonte, das Cidades, que terá que se explicar à Camara dos Deputados, entre outras patifarias, sobre o aumento de 700 milhões em obras no Mato Grosso e (novamente) irregularidades com ONGs (sempre elas), e o ministro Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, suspeito de tráfico de influência em consultorias milionárias, quando ainda não tinha cargo público.

O importante pra nós, meros cidadãos pagadores de impostos, é que a faxina da IMPRENSA continua. Dilma tem ABSURDOS 39 auxiliares diretos, o que nos permite pensar que, continuando neste ritmo de um por mês, daqui a 32 meses, a coisa estará, devidamente, faxinada. O diabo é que ela troca o ministro, mas, deixa a chave da porteira na mão do partido do que está saindo. Não adianta, portanto, muito. Mas, já é alguma coisa.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Voltando devagar

Dois anos depois, senti vontade de voltar a escrever. Já havia perdido um bocado do entusiasmo, me sentindo incapaz de produzir algo interessante, que valha a pena ser lido, sentimento que pouco mudou. O que mudou foi o jeito como estou começando a ver as coisas. Outro dia, li algo que me chamou a atenção, tipo: "A arte não é para o artista mais do que a água é para o encanador”. E continuava, "Não, a arte é para quem a absorve, mesmo que o artista nem sempre tenha plena consciência do quanto isso é verdade. Pois sim, na verdade, a maioria dos artistas que ainda decidimos considerar entre “os grandes” estavam fazendo isso para fins em grande parte masturbatórios, em oposição à pura motivação de “querer criar algo para os outros." Aparentemente, trata-se de uma fala de um personagem de filme. Ainda estou por checar. Definitivamente, o que faço aqui não é arte, não tenho essa pretensão, no entanto, essa é sem dúvida uma questão estranha sobre a arte como um conceito, que a...

Perda irreparável

Na terça-feira passada, 17, fui surpreendido com uma das piores notícias da minha vida - um dos amigos que mais gosto, um por quem tenho enorme admiração, um irmão que a vida me deu, havia deixado este mundo. A notícia não dava margem a dúvidas. Era um cartão, um convite para o velório e cremação no dia seguinte. Não tinha opção, a não ser tentar digerir aquela trágica informação. Confesso que nunca imaginei que esta cena pudesse acontecer. Nunca me vi  nesta situação, ainda mais em se tratando do Sylvio. A chei que  ele estaria aqui pra sempre. Que todos partiriam, inclusive eu, e ele aqui ficaria até  quando ele próprio resolvesse que chegar a hora de descansar. Ele era assim,  não convencional e suspeitei que, como sempre fez, resolveria também  essa questão. Hoje em dia, com a divisão ideológica vigente e as mudanças nos códigos  de conduta, poucos diriam dele: que cara maneiro! M esmo os que se surpreendiam ou não gostavam de algumas de suas facetas, c...

História do Filho da Puta

John Frederick Herring (1795 - 1865) foi um conhecido pintor de cenas esportivas e equinas, na Inglaterra. Em 1836, o autor do famoso quadro "Pharaoh's Charriot Horses", avaliado em mais de $500.000, acrescentou "SR" (Senior) à assinatura que apunha em seus quadros por causa da crescente fama de seu filho, então adolescente, que se notabilizou nessa mesma área. Apesar de nunca ter alcançado um valor tão elevado, um outro de seus quadros tem uma história bastante pitoresca. Em 1815, com apenas 20 anos, Herring, o pai, como era tradição, imortalizou em um quadro a óleo o cavalo ganhador do St Leger Stakes, em Doncaster, na Inglaterra. Até aí, nada de mais. A grande surpresa é o nome do animal: Filho da Puta! É isso mesmo. Filho da puta. Há pelo menos três versões sobre a origem desse estranho nome. A que parece mais plausível (e também a mais curiosa), dá conta que o embaixador português na Inglaterra, à época, era apaixonado por turfe e também por uma viúva com q...