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O seu santo nome

Os últimos 45 dias foram repletos de mudanças pra mim e ainda não digeri os acontecimentos. Nada grave, porém, de forte influência no meu cotidiano e na minha vida de um modo geral. Daí o meu afastamento deste blog, que tanto prazer tenho em manter.

Ontem à noite, a insônia, velha companheira, me visitou e, novamente, não busquei refúgio na Internet como vinha fazendo nos últimos 10, 12 anos. Fui revirar os meus cacarecos. Encontrei um poema de Drummond, esquecido em um livro já embolorado pelo longo tempo sem manuseio. Eu o copiei em uma folha de caderno, daqueles pequenos, e guardei entre as páginas de "José", publicado pelo mesmo autor.

Afirmar que se é admirador de Carlos Drummond de Andrade é lugar-comum. Todo mundo é. Assim como o restante do planeta, gosto muito do que ele fez e deixou para a Humanidade.
A poesia e a vida do grande mineiro são, deveras, fascinantes. Há muito que aprender com ele.

Dei uma passada de olhos no livro e depois de reler algumas páginas senti de novo um pouco da animação de uns meses atrás. Então, resolvi reinaugurar as postagens com o poema que anos atrás havia selecionado. Espero que gostem.


O seu santo nome

Não facilite com a palavra amor.
Não a jogue no espaço, bolha de sabão.
Não se inebrie com o seu engalanado som.
Não a empregue sem razão acima de toda a razão ( e é raro).
Não brinque, não experimente, não cometa a loucura sem remissão
de espalhar aos quatro ventos do mundo essa palavra
que é toda sigilo e nudez, perfeição e exílio na Terra.
Não a pronuncie.

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