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E o Billy se foi...

A música brasileira perdeu, nesta sexta-feira, um dos seus maiores nomes: o cantor e compositor, Billy Blanco. Paraense, com alma de carioca, ouvi falar dele, ainda criança, como o irmão artista do Dr. Trindade, padrinho de minha mãe. Era o começo dos anos 60, e ele já um artista consagrado, tendo composições gravadas por Dolores Duran, Nora Ney, Elizeth Cardoso, Silvio Caldas, João Gilberto, Elis Regina e Tom Jobim, entre muitos outros.

Nos anos 70, ou seja, na minha adolescência, descobri as muitas canções que ele fez, entre outros, com Baden Powell, Tom e João Gilberto, além do grande Sebastião Tapajós, como "Samba triste", "Sinfonia do Rio de Janeiro", "Descendo o morro", e atribuo a essa fase o melhor do meu gosto musical.

Autor de outros grandes sucessos como "Pra variar", "Tereza da Praia", "Estatuto da gafieira", "Canto livre", e "Mocinho bonito", Billy compôs centenas de canções, muitas delas, até hoje, entre as minhas preferidas, como "Eu sem você" e "Se a gente grande soubesse" (letra abaixo).

Depois de um longo sofrimento, um novo AVC calou a voz deste (pequeno) grande homem. Fica a saudade e uma imensa obra ainda não totalmente divulgada.

Que Deus o receba com as devidas festas e honrarias. Aliás, dada a importância do recém-chegado, imagino que Ele deva ter organizado uma grande recepção, comandada por Tom, Vinícius, Elis e tantos outros, que já deviam estar "mortos" de saudade do seu grande parceiro. Não dá pra esperar menos que isso....

Se a gente grande soubesse

Se a gente grande soubesse
o que consegue a voz mansa
como ela cai feito prece
e vira flor,
num coração de criança.
A gente grande, que tira
o meu brinquedo da mão
tirou de um músico a lira
interrompeu a canção.

De tanto não que eu escuto
o não eu vivo a dizer
eu não sossego um minuto
é natural
eu não parei de viver.
A gente apenas repete
tudo que escuta e que vê
Pois gente grande eu queria

ser um dia todo igualzinho a você.

Se a gente grande soubesse (quanta paz,)
o que consegue a voz mansa, (o bem que faz,)
como ela cai feito prece
e vira flor,
num coração de criança.
A gente grande, que tira (sem pensar,)
o meu brinquedo da mão, (me faz chorar)

tirou de um músico a lira, (sem saber,)
interrompeu a canção.

De tanto não que eu escuto (Não e não,)
o não eu vivo a dizer, (que confusão,)
eu não sossego um minuto
é natural
eu não parei de viver.
A gente apenas repete (tal e qual,)
tudo que escuta e que vê, (não leve a mal,)

Pois gente grande eu queria
ser um dia
todo igualzinho a você.

Se a gente grande soubesse
o que consegue a voz mansa
como ela cai feito prece
e vira flor,
num coração de criança.
A gente grande, que tira
o meu brinquedo da mão
tirou de um músico a lira
interrompeu a canção.

De tanto não que eu escuto
o não eu vivo a dizer
eu não sossego um minuto
é natural
eu não parei de viver.
A gente apenas repete
tudo que escuta e que vê
Pois gente grande eu queria
ser um dia todo igualzinho a você.

Se a gente grande soubesse (quanta paz,)
o que consegue a voz mansa, (o bem que faz,)
como ela cai feito precee vira flor,
num coração de criança.
A gente grande, que tira (sem pensar,)

o meu brinquedo da mão, (me faz chorar)
tirou de um músico a lira, (sem saber,)
interrompeu a canção.
De tanto não que eu escuto (Não e não,)
o não eu vivo a dizer, (que confusão,)
eu não sossego um minuto
é natural
eu não parei de viver.
A gente apenas repete (tal e qual,)
tudo que escuta e que vê, (não leve a mal,)
Pois gente grande eu queria
ser um dia
todo igualzinho a você.

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