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A inutilidade a serviço do povo

Já faz algum tempo que isso me incomoda e só a falta de oportunidade vinha impedindo de meter a colher nessa cumbuca. Desde o primeiro dia de 2009 está em vigor uma das maiores inutilidades de que já tive notícia - o malfadado acordo ortográfico da língua portuguesa.

Num processo que durou pouco mais de 20 anos, os 8 países "interessados" (Brasil, Portugal, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Moçambique, Timor Leste e Angola) se entenderam sobre a unificação das regras de ortografia, e agora está em vigor um cronograma para implantação do que se convencionou.

Dizem que a principal meta é fazer com que o Português deixe de ser a única língua no mundo com mais de uma ortografia e seja reconhecida como idioma oficial na Unesco.

Daqui do meu modesto observatório não vejo qualquer vantagem em aderir ao acordo. Ao contrário, embutido nele há um custo enorme, que vai desde a adaptação a ser feita em tudo que circula em papel e em meios eletrônicos, como um esforço totalmente desnecessário que o cidadão comum terá que fazer para incorporar as novas regras ao seu cotidiano. Só uma classe deve estar feliz com essa asneira: os editores de livros escolares. A virtual obsolescência dessas publicações em face ao que passa a vigorar, obriga descartar o que existe e ainda acrescentar a novidade. Como a maior parte dessa gente vive de verbas públicas, quanto isso vai nos custar? Difícil dizer.

Impreciso e incompleto, o acordo não apresenta benefícios. Com cerca de 35 milhões de analfabetos, aí incluídos os incapazes de ler ou escrever um simples bilhete e os chamados analfabetos funcionais - capazes apenas minimamente de decodificar as letras - além de um contingente incalculável de outros, com alguns anos de estudos e até graduados em curso superior que não sabem a grafia de qualquer palavra ou construção que fuja ao convencional, o Brasil é o maior prejudicado nessa história. Além de nós, há menos de 40 milhões de lusófonos, ou seja, somos mais de 80% dos atingidos por esta imensa bobagem.

Por que abrir mão do que vinha evoluindo conforme nossas tradições, gostos e costumes? Em nome de quê a maioria está cedendo à minoria? Generosidade? Praticidade? Facilidade? Nada! Não auferimos nada agora, nem vamos obter qualquer vantagem no futuro.

Assim, proponho a resistência cívica a mais um absurdo que pretendem fazer descer por nossa garganta abaixo. Não vou escrever voo, no lugar de vôo. Não vou abandonar o hífen, tão importante para conectar duas idéias, muito menos deixarei de acentuar as homógrafas. Só farei exceção ao uso de "k", "w" e "y", que aliás já usava por nunca terem sido, de fato, abandonadas.

Quem quiser, que me chame de louco, retrógrado, conservador ou do que queiram, mas nessa eu não caio.

Como não sei exatamente a quem culpar, aposto que tem o dedo de um petista aí....ha-ha-ha!!!

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