Problemas na Petrobras levantam questões mais amplas para investidores, por Landon Thomas Junior, New York Times
Quando a empresa mais endividada do mundo adia a divulgação de resultados devido a um escândalo de corrupção crescente, uma oscilação nos mercados é de se esperar.
Tal foi o caso na sexta-feira para a gigante petrolífera brasileira Petrobras, que viu a queda de suas ações de 8 por cento (antes de recuperar ligeiramente) e os rendimentos de seus títulos subirem acentuadamente com a notícia de que executivos da empresa no Brasil tinham sido presos como parte de uma ampla investigação de corrupção.
A presidente Dilma Rousseff, que era a chefe do conselho da Petrobras antes de se tornar presidente em 2010, não é a única pessoa, no entanto, que está sentindo a dor com os problemas da empresa.
Poucas empresas de mercados emergentes são tão amplamente mantidas por investidores de ações e obrigações como a Petrobras, há muito vista como uma peça de referência para investidores que procurem exposição a mercados em desenvolvimento de rápido crescimento.
Desde o fundo de mercado emergente Oppenheimer, de 42 bilhões dólares - onde é o quarto com maior participação - até o gigante Pimco, a Petrobras é um investimento central no mercado emergente.
De acordo com dados da Bloomberg, Pimco é o maior detentor de dívida da empresa - segurando 4,3 por cento, com o Fidelity sendo o segundo maior detentor, com 2,5 por cento.
Na verdade, mais do que qualquer outra empresa de mercado emergente, a Petrobras tem aproveitado a tendência das empresas de gestão de ativos - a maioria com sede nos Estados Unidos - substituírem os bancos como a principal fonte de financiamento da dívida.
Os economistas estimam que os detentores de bônus estrangeiros financiaram cerca de metade do enorme programa de investimentos da empresa. E como a empresa afirmou que espera investir US$ 200 bilhões nos próximos anos para explorar novos locais de petróleo, os investidores da Pimco, BlackRock e Fidelity serão convidados a intensificar os seus empréstimos, se a empresa cumprir as suas metas.
Atraídos por rendimentos robustos em um ambiente de baixa taxa de juros, o dinheiro até à data tem rolado.
A Petrobras, nos últimos cinco anos, já vendeu 51 bilhões de dólares em títulos para investidores globais famintos, quase um quarto de todas as obrigações empresariais que emanam do Brasil e mais do que qualquer empresa de mercados emergentes, de acordo com dados compilados pela Thomson Reuters. Mas economistas como Hyun Song Shin do Banco de Compensações Internacionais, uma casa de pesquisa para os bancos centrais globais, vêm alertando há algum tempo sobre os riscos envolvidos em ter empresas de mercados emergentes tão dependentes de investidores de varejo inconstantes nos Estados Unidos.
E a partir de uma perspectiva de estabilidade financeira, os reguladores do Federal Reserve de Nova York têm advertido contra empresas de gestão de grandes ativos que tem posições muito grandes em dívidas de mercados emergentes de alto risco.
O temor é que o pânico de venda em uma empresa ou país pode se espalhar rapidamente - uma vez que estes países e as empresas estão tão largamente alavancados - levando a um contágio de investimento mais amplo.
Por enquanto, isso não parece ser o caso, com a bolsa de valores brasileira perdendo apenas 1 por cento na sexta-feira.
Mas, com os investidores amplamente inquietos com os mercados emergentes, dada a perspectiva de juros mais altos nos Estados Unidos e moedas locais mais fracas contra um dólar forte, a perspectiva de que a Petrobras pode ser a chama para uma conflagração maior no Brasil não pode ser totalmente descartada.
"Isso definitivamente levanta questões mais amplas", disse Gary N. Kleiman, um consultor de investimentos de mercados emergentes. "Muitos investidores serão forçados a vender e isso pode levar a um mais amplo sell-off no Brasil e na América Latina."
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