Já que a manobra para tornar a CPMI do Cachoeira no palco de onde desmoralizariam o processo do Mensalão falhou, o chefe da sofisticada organização criminosa, segundo o Ministério Público, José Dirceu, numa afronta explícita ao Supremo Tribunal Federal, concitou militantes da UNE a irem às ruas defendê-lo pois, segundo ele, no julgamento do maior escândalo da história política do país, marcado para o começo de agosto, só uma voz, pedindo a condenação, será ouvida.Esta parece, claramente, a cobrança da contra-partida aos milhões de reais doados para a capacitação de estudantes, promoção de eventos culturais e a reconstrução da sede da outrora combativa entidade, que viraram fumaça nas mãos de aproveitadores, anacrônicos estudantes profissionais, que se locupletam com verbas públicas. Parece, e é. Não apenas pelo caráter da conclamação, como pela maneira como foi apresentada, evidenciando, de forma inequívoca, o desespero que tomou conta de Lula e Dirceu, bem como a expectativa do PT diante do iminente acerto de contas que o partido terá que fazer com a sociedade, pelos seus desvios de conduta e de dinheiro público, tudo isso em pleno período eleitoral.
É uma vergonha para a classe estudantil, que a UNE, de tantas lutas em defesa da democracia, da liberdade de expressão e do Estado de Direito, tenha se transformado em mero instrumento de manipulação política e ideológica. A UNE hoje, não passa de um aparelho autoritário, onde dóceis pelegos se revezam no poder, trocando figurinhas com os governantes de ocasião, sem nada fazer para a melhoria da qualidade do ensino no país, o respeito às instituições ou a realização de qualquer das suas nobres funções.
Sem ter como explicar os seus gastos milionários, atuando como massa de manobra, unida a mensaleiros, a UNE vai acabar caindo em uma vala comum da história. Os que levaram cassetete nas costas, compartilhando e defendendo ideais, mereciam coisa bem melhor.
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