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Mubarak agora é ditador

Nada tenho a favor de Hosni Mubarak, e há até bem pouco tempo, nem a imprensa, nem os EUA, ou a Europa, tinha algo contra. Ninguém se referia a ele, do jeito que agora é comum, como "ditador". Depois do levante popular na Tunísia, que se espalhou para o Egito, todos os jornalistas, articulistas, "formadores de opinião", e até o bobalhão, Obama, querem que o antigo parceiro abandone o governo, como se os últimos 30 anos nada tenham significado para os interesses do ocidente, naquela região.

Repito: não sou fã ou tenho simpatia pelo egípcio, mas não tenho dúvidas que o oportunismo e a voracidade de alguns, como Baradei, e a turma da Irmandade Muçulmana, tem tudo para trazer o caos ao país árabe, além de causar uma indesejada instabilidade nos vizinhos, da qual os radicais de plantão estão sempre prontos para se aproveitar.

A lógica dos "analistas", que jamais foram capazes de decifrar as mentes árabes, ou de prever qualquer desses acontecimentos, é que a saída rápida de Mubarak impediria que os radicais assumissem um protagonismo e tomassem o poder. Então, por que só agora isso vem à tona e esses analistas passaram a insuflar os líderes mundiais a tirar o tapete do aliado? E se é tão fácil e simples, por que grande parte dos pensadores independentes vêem com ressalvas esses movimentos e demonstrações?

Eu preferiria que a transição fosse lenta e segura, como aconteceu por aqui. E olha que aqui a merda que deu foi grande: tivemos Brizola, Sarney e outros desse calibre tomando conta do galinheiro, o que conduziu à era Lulla, de triste memória.

O Egito está em convulsão. É preciso primeiro debelar a crise para tomar medidas de correção, com menos paixão e mais habilidade, com a transparência e honestidade que o processo merece. Vamos continuar observando.

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