Pular para o conteúdo principal

A Venezuela dividida e arruinada

Depois de uma campanha acirrada, de resultado imprevisível, segundo analistas, nosso vizinho com assento na OPEP, dono da sexta maior reserva de petróleo do mundo e uma população de quase trinta milhões de almas, a Venezuela decide em referendo neste domingo sobre a possibilidade de reeleições ilimitadas para os integrantes do Executivo, em todos os níveis.

Segundo o proto-ditador Hugo Chavez, há dez anos no poder e quatro de mandato a cumprir naquele país, este é um ponto essencial para a consolidação da revolução bolivariana. Segundo o coronel, que se inspira no exemplo do cubano Fidel Castro, que ficou à frente do governo de seu país até se tornar completamente incapaz para exercer qualquer função que não a de um mero símbolo de um movimento genocida, que nunca conheceu limites no trato com opositores, para impor as suas idéias ao sofrido povo venezuelano, a reeleição ilimitada permite ao governante ter mais tempo para implementar suas políticas e idéias.

A "democracia" de Chavez é, na verdade, um simulacro, assemelhando-se muito com o que acontecia na Alemanha nazista, quando Hitler tinha poder de vida ou morte sobre todos os cidadãos: a oposição é perseguida e ameaçada, meios de comunicação são fechados, o Parlamento é fraco e submisso, o Judicário só decide a favor do chefe do Executivo, as milícias armadas com 100000 rifles comprados à Rússia agem livremente, coagindo, matando e eliminando quem lhes aprouver, as liberdades estão sendo erradicadas paulatinamente.

Falar da economia venezuelana é contar a história de um retumbante fracasso: os desmandos de Chavez fizeram a inflação alcançar mais de 35%, o deficit comercial é crescente, a indústria não cresce, os problemas de abastecimento são graves, o governo não conseguirá realizar metade do Orçamento, calculado quando o petróleo voava acima dos 150 dólares o barril.

Duas consequencias nitidamente visiveis do estilo Chavez são: a disparada da corrupção e o aumento da criminalidade. Segundo ONG Transparência Internacional, a Venezuela é o país mais corrupto da América Latina. A taxa de homicídios chegou a 107 por grupo de 100 mil habitantes no ano passado, segundo reportagem do G1. Isso é mais de cinco vezes a taxa registrada no ano passado na capital paulista - que fechou em 19,05%.

Apesar diso, não duvido que o "sim" saia vencedor. Nossos hermanos tem recebido doses cavalares de pura propaganda e benesses através de programas assistencialistas eleitoreiros como o Bolsa-família.

É preciso que a comunidade internacional esteja atenta e fiscalize mais este referendo de mentira. O povo venezuelano quer democracia, por isso deveria votar no "não", como fizemos por aqui quando quiserem impor restrições ao nosso livre-arbítrio. Minha esperança é o nascente movimento estudantil e uma nova geração de políticos oposicionistas que se empenham em tentar manter vivos os ideais democráticos na Venezuela.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Voltando devagar

Dois anos depois, senti vontade de voltar a escrever. Já havia perdido um bocado do entusiasmo, me sentindo incapaz de produzir algo interessante, que valha a pena ser lido, sentimento que pouco mudou. O que mudou foi o jeito como estou começando a ver as coisas. Outro dia, li algo que me chamou a atenção, tipo: "A arte não é para o artista mais do que a água é para o encanador”. E continuava, "Não, a arte é para quem a absorve, mesmo que o artista nem sempre tenha plena consciência do quanto isso é verdade. Pois sim, na verdade, a maioria dos artistas que ainda decidimos considerar entre “os grandes” estavam fazendo isso para fins em grande parte masturbatórios, em oposição à pura motivação de “querer criar algo para os outros." Aparentemente, trata-se de uma fala de um personagem de filme. Ainda estou por checar. Definitivamente, o que faço aqui não é arte, não tenho essa pretensão, no entanto, essa é sem dúvida uma questão estranha sobre a arte como um conceito, que a...

Perda irreparável

Na terça-feira passada, 17, fui surpreendido com uma das piores notícias da minha vida - um dos amigos que mais gosto, um por quem tenho enorme admiração, um irmão que a vida me deu, havia deixado este mundo. A notícia não dava margem a dúvidas. Era um cartão, um convite para o velório e cremação no dia seguinte. Não tinha opção, a não ser tentar digerir aquela trágica informação. Confesso que nunca imaginei que esta cena pudesse acontecer. Nunca me vi  nesta situação, ainda mais em se tratando do Sylvio. A chei que  ele estaria aqui pra sempre. Que todos partiriam, inclusive eu, e ele aqui ficaria até  quando ele próprio resolvesse que chegar a hora de descansar. Ele era assim,  não convencional e suspeitei que, como sempre fez, resolveria também  essa questão. Hoje em dia, com a divisão ideológica vigente e as mudanças nos códigos  de conduta, poucos diriam dele: que cara maneiro! M esmo os que se surpreendiam ou não gostavam de algumas de suas facetas, c...

História do Filho da Puta

John Frederick Herring (1795 - 1865) foi um conhecido pintor de cenas esportivas e equinas, na Inglaterra. Em 1836, o autor do famoso quadro "Pharaoh's Charriot Horses", avaliado em mais de $500.000, acrescentou "SR" (Senior) à assinatura que apunha em seus quadros por causa da crescente fama de seu filho, então adolescente, que se notabilizou nessa mesma área. Apesar de nunca ter alcançado um valor tão elevado, um outro de seus quadros tem uma história bastante pitoresca. Em 1815, com apenas 20 anos, Herring, o pai, como era tradição, imortalizou em um quadro a óleo o cavalo ganhador do St Leger Stakes, em Doncaster, na Inglaterra. Até aí, nada de mais. A grande surpresa é o nome do animal: Filho da Puta! É isso mesmo. Filho da puta. Há pelo menos três versões sobre a origem desse estranho nome. A que parece mais plausível (e também a mais curiosa), dá conta que o embaixador português na Inglaterra, à época, era apaixonado por turfe e também por uma viúva com q...